Jorge Cavalcanti, do Jornal do Commercio “Aqui cheguei cheia de esperança e achando que muito poderia fazer, mas o dia a dia nos mostra que não é bem assim”.
Foi assim que a deputada estadual Ceça Ribeiro iniciou o discurso de despedida da Assembleia Legislativa, na última quinta-feira, após dois mandatos consecutivos.
Filha de pescadores, professora da rede estadual, ela chegou ao Parlamento em 2003, embalada pela defesa do meio ambiente, bem antes da onda verde que levou a senadora Marina Silva (PV-AC) a ser a terceira colocada na disputa pela Presidência da República, com cerca de 19,6 milhões de votos.
Agora, Ceça – que não esconde a desilusão com o Legislativo – vai trilhar um caminho incomum na política: depois de desistir de concorrer à reeleição, se prepara para retornar à sala de aula, abrindo mão de todas as benesses e vantagens do cargo.
Jorge Cavalcanti, do Jornal do Commercio Dos 49 deputados estaduais, três não concorreram este ano.
Carla Lapa (PSB) e Augusto César Filho (PTB) abriram espaço para a tentativa fracassada de retorno dos pais – Carlos Lapa e Augusto César, respectivamente.
Do trio, apenas Ceça ficou de fora sem apoiar um familiar.
Mas, desde 2006 ela já pensava em deixar a vida pública, em decorrência de problemas de saúde que enfrentou. “No finalzinho do primeiro mandato, tive uma trombose (caracterizada pela formação aguda de coágulo no interior das veias profundas da perna).
Mas como não havia me preparado para não ser candidata, disputei”, conta ela.
Após ser eleita em 2006, a deputada ainda foi acometida por duas tromboses e teve um princípio de infarto. “Os problemas de saúde interferiram muito na minha mobilidade dentro dos municípios.
E o que percebi é que o político pode fazer um excelente mandato, mas se não estiver na rua nos três meses de campanha, o povo não perdoa”, relembra.
Hoje, ela diz estar “boa”.
Para o início de 2011, Ceça tem a obrigação de se reapresentar à Secretaria de Educação do Estado. “Tenho mais de 30 anos de serviço, mas passei um tempo ausente por causa do mandato”, conta.
Apesar do retorno à sala de aula, o que dá entusiasmo a Ceça é o projeto de montar uma escola para crianças, com o foco centrado nas questões ambientais. “Tenho a missão de fazer com que esses alunos fiquem apaixonados e, mais à frente, se formem e virem ambientalistas, pesquisadores”, vibra ela com o que considera seu grande projeto.
Casada com o prefeito de Paulista, Yves Ribeiro (PSB), mãe de três filhas e avó de três netos, ela foi eleita pela primeira vez pelo PT.
Mas deixou a legenda quando Yves disputou pela primeira vez a Prefeitura de Paulista, em 2004.
O PT tinha candidato próprio, o deputado estadual Sérgio Leite.
Foi firmado então um acordo para uma licença temporária.
Com a vitória do marido, Ceça se filiou ao PSB.