Anay Cury, do G1 Diante da retração dos mercados de tradicionais parceiros comerciais do Brasil, o país vem investindo mais pesadamente na intensificação de suas relações bilaterais com a África.
Apesar de o volume de exportações ainda ser baixo, quando comparado ao de outros destinos, o alto valor agredado dos produtos que chegam aquele continente justifica a atenção.
Mesmo mantendo a importação de commoditites, os africanos estão ampliando, cada vez mais, as compras de manufaturados como máquinas, tratores, motores, bombas e compressores, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). “Resolvemos variar nossos investimentos e ir além de EUA e Europa.
Não conseguimos mandar manufaturados para esses mercados, ainda em recuperação [da crise].
Já para a África, conseguimos, e isso também estimula fortemente a indústria nacional”, disse o diretor de Gestão e Planejamento da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), Ricardo Schaefer.
Entre 2005 e 2009, a corrente de comércio entre Brasil e Angola, um dos grandes parceiros do país, avançou de US$ 520 milhões para US$ 1,5 bilhão - aumento de 182,6%, de acordo com dados do MDIC.
Só no ano passado, as transações entre o Brasil e a África somaram US$ 17,2 bilhões, sendo US$ 8,7 bilhões em exportações e US$ 8,5 bilhões em importações.
O volume de trocas comerciais entre o Brasil e a África ainda é baixo em relação ao de outros países com os quais o Brasil mantém relações há mais tempo, porém, por ser considerado emergente, acaba tornando-se uma alternativa. “Assim como outros mercados emergentes, o mercado africano está em franca expansão e não pode ser ignorado. É um mercado grande, com 50 milhões de consumidores querendo comprar.
Aliado a isso, tem o fato de o Brasil e a Angola, por exemplo, terem uma identidade cultural e industrial muito similar.
Nossas novelas passam lá, as peças dos carros montados são importadas do nosso país”, afirmou o secretário de Comércio Exterior do ministério, Welber Barral.
Ele lembra que a economia de Angola, diferente da maioria dos países com os quais o Brasil se relaciona comercialmente, deverá ter um crescimento significativo neste ano, podendo chegar a 6%.