Giovanni Sandes, no Jornal do Commercio Na volta da viagem a trabalho, o funcionário vai prestar contas de seus gastos.
Um pouco desconfiado, antevendo talvez uma gracinha, apresenta o recibo da hospedagem: uma pernoite em um motel.
Quem vem ao Recife a negócios está enfrentando falta de vagas nos hotéis.
O setor, aquecido por eventos e a economia estadual em alta, está perto do limite.
Os hoteleiros comemoram diárias mais altas, projetam ampliações e novos hotéis.
Mas, a curto prazo, o jeito é improvisar.
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-PE), são 16 mil leitos na capital e 14 mil no Litoral Sul.
A ocupação média deste ano está em 95%, índice elevadíssimo para o setor.
Em 2009, a média foi de 80%, já alta.
Por seu padrão mais elevado, o Lemon Motel, que tem até heliponto, é muito indicado quando os hotéis estão esgotados.
O Lemon recebe os hóspedes, mas informa que, na ponta do lápis, até lucra menos com um cliente que paga diária, pois a rotatividade é fundamental para a rentabilidade dos motéis. “Recife tem uma quantidade muito pequena de leitos.
Quando há um evento, fica tudo lotado.
Não temos estrutura de hotel, mas recebemos muita gente que vem se hospedar”, afirma o proprietário do Lemon, Carlos Alberto Rique.
Ele revela que até já conversou com seus sócios sobre investir em hotelaria. “É um mercado com demanda grande e atualmente mal suprida”, avalia o empresário.
A leitura da Prefeitura do Recife é diferente. “Não estamos esgotados.
Estamos em um bom momento de ocupação”, diz o secretário de Turismo do Recife, Samuel Oliveira.
Ele lembra que durante muito tempo o setor amargou uma quantidade grande de quartos vazios, cenário que mudou drasticamente nos últimos anos. “Uma ocupação assim não existia há muito tempo no Recife”, continua o secretário.
Oliveira enumera projetos que vão ampliar a capacidade da hotelaria local em 2011: um novo flat da marca Beach Class, da Moura Dubeux, e um hotel Ibis, do grupo francês Accor. “Só no Beach Class teremos 600 leitos”, enfatiza Samuel Oliveira.
Presidente da ABIH-PE, José Otávio Meira Lins, inclui na conta as ampliações planejadas por hotéis já em operação, como o Mar Hotel, o Vela Branca e o Jangadeiro. “Nossa preocupação é ter um crescimento sustentável, continuado.
Pensamos em mais apartamentos, mas também em projetos estruturadores, como o aumento do pavilhão de feiras do Centro de Convenções”, diz José Otávio. “Não queremos que o Recife crie fama de uma cidade que não tem lugar para se hospedar.
Não estamos esgotados.
Temos capacidade de atendimento”, resume o presidente da ABIH.