Jorge Cavalcanti, do Jornal do Commercio Após uma viagem de 12 dias pela Europa, o presidente da Assembleia Legislativa, Guilherme Uchoa (PDT), retornou na madrugada de ontem a Pernambuco com a missão de fazer o deputado André Campos (PT) desistir de disputar a 1ª secretaria da Casa, num bate-chapa com o atual titular do cargo, o deputado João Fernando Coutinho (PSB).

Após a sessão, numa reunião no gabinete da presidência da Casa, Uchoa pediu para que André retirasse a candidatura.

O petista, porém, repetiu o que dissera no dia anterior: só recua se não encontrar apoio na bancada do seu partido, o PT.

Os dois decidiram, então, que hoje André consulta os seus colegas de legenda sobre o apoio.

Após a sondagem, André “acatará o que os integrantes decidirem com relação ao assunto”, assegurou a nota enviada pela assessoria de imprensa da Assembleia sobre o encontro de Uchoa e o petista.

Nos bastidores, a condição estabelecida por André foi interpretada como uma forma de “preparar o terreno” para a desistência, após ter ficado irritado com a atuação do prefeito de São Lourenço da Mata, Ettore Labanca (PSB), na eleição da mesa.

Amigos de longa data, os dois entraram em atrito.

André acusou Ettore de ingerência no Legislativo, sob o pretexto de agradar o governador Eduardo Campos (PSB).

A crítica causou surpresa devido à forte ligação que o prefeito tinha com o irmão de André – Carlos Wilson (já falecido) – e alimentou uma versão: a mágoa de André teria surgido na eleição, quando disputou com certa dificuldade e não contou com o prometido apoio de Ettore, que centrou todos os esforços na vitória do filho, Vinícius Labanca (PSB).

Para a próxima legislatura (2011-2014), o PT elegeu cinco deputados estaduais, mesmo número que possui hoje (a única diferença é Manoel Santos no lugar de Isabel Cristina, que não conseguiu renovar o mandato).

Em reserva, a avaliação é a de que dificilmente André encontrará incentivo para seguir adiante na pretensão de disputar o cargo responsável pela administração da Assembleia.

Dos quatro petistas, Isaltino Nascimento é o líder do governo e tudo indica que vai permanecer na função no próximo ano.

Ou seja, ele se vê sem alternativa, exceto fechar com a orientação da bancada do PSB, a maior da Assembleia, de reconduzir João Fernando a um terceiro mandato na função.

Presidente da Comissão de Educação e Cultura, Teresa Leitão (PT) apoia André para a mesa por uma questão de “justiça”, pois na eleição passada era a vez do petista ser indicado – mas ele cedeu a vaga para contornar uma briga interna do PSB.

Aglaílson Júnior ameaçava bater chapa com João Fernando e foi remanejado para a presidência da Comissão de Constituição e Justiça.

Teresa frisou, porém, que o PT tem que discutir antes quais são as condições políticas do partido para pleitear a 1ª secretaria. “Com uma bancada do governo grande como a que elegemos, temos que ter cuidado para assegurar a unidade sem criar arestas desnecessárias”, disse ela, sem querer adiantar se apoia ou não a candidatura de André a 1º secretário.

Entre as atribuições, o 1º secretário administra o orçamento da Assembleia, estimado em R$ 300 milhões para 2011.

Também é uma espécie de síndico da Casa, intermediando pedidos dos colegas de plenário.