Por Adriana Guarda, no JC de hoje Os pernambucanos não conseguiram ocupar todas as 8.326 vagas oferecidas nos cursos gratuitos do 5º ciclo do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás (Prominp).

Quase um terço (28%) das oportunidades deixaram de ser preenchidas porque os candidatos não conseguiram alcançar a nota mínima de dois pontos nas provas de português, matemática e raciocínio lógico.

O resultado, que escancara a debilidade da educação básica no Estado, acende o sinal amarelo para o governo e deixa as empresas em polvorosa diante do evidente apagão de mão de obra que se desenha.

O 5º ciclo do Prominp teve 68.539 inscritos e só conseguiu aprovar 6.003 candidatos.

Isso quer dizer que 2.323 vagas deixaram de ser preenchidas.

O levantamento foi realizado pelo JC, que fez a contagem dos aprovados, curso a curso (num total de 23), para consolidar as informações.

A reportagem vinha tentando obter os resultados junto à Petrobras desde a última quinta-feira, quando foi divulgada a lista dos aprovados, mas (numa atitude recorrente) a empresa não repassou os dados solicitados.

As vagas que ficaram em aberto são todas nos cursos de nível básico, enquanto as oportunidades nos cursos de níveis médio e superior foram todas ocupadas.

O curso de montador de andaime foi o que teve o pior desempenho, com 768 vagas ofertadas e apenas 109 preenchidas.

A maioria dos cursos básicos exige ensino fundamental completo, com exceção de pintor, que pede apenas fundamental 1.

O professor de economia da Universidade Federal Rural de Pernambuco Moisés Cavalcanti diz que o resultado não foi uma surpresa. “Essas deficiências se arrastam há décadas. É um atestado de que o capital humano do Estado não possui habilidades elementares exigidas de quem tem uma educação básica.

Com o não preenchimento das vagas e a necessidade de mão de obra qualificada se multiplicando, o que deve ocorrer é um aumento da importação de profissionais”, pondera.

O assessor de gabinete da Secretaria de Educação, Genilson Marinho, que falou no lugar do secretário, que acompanhava o governador em viagem a Brasília, afirma que o governo do Estado tem feito sua parte para melhorar a qualidade da educação. “Existe uma herança maldita desse fracasso escolar, mas é clara a mudança da educação na atual gestão”, defende, citando investimentos de R$ 350 milhões na melhoria da rede escolar, programas de qualificação dos professores e ampliação no número de escolas integrais.

Mas ainda falta muito caminho a percorrer para Pernambuco apresentar um boletim com nota azul.