Do iG A presidenta eleita, Dilma Rousseff, estuda dividir o Ministério das Cidades em duas partes para atender a um pedido do PT e não perder o apoio do PP.

Atuais donos das Cidades, os pepistas ficariam com um ministério chamado do Saneamento e da Mobilidade.

Já os petistas assumiriam o comando de uma pasta com o nome de Ministério da Habitação e do Desenvolvimento Urbano, que ficaria responsável pelo programa “Minha Casa, Minha Vida” Contra as críticas da oposição de que criaria uma pasta inchando a máquina pública, Dilma já tem até uma resposta pronta.

Com a saída de Henrique Meirelles do governo, o cargo de presidente do Banco Central perderia o status de ministério.

Desse modo, a nova estrutura a ser criada a partir da divisão das Cidades não seria computado como novo ministério.

A divisão do Ministério das Cidades foi tratada numa reunião entre Dilma e o vice-presidente eleito Michel Temer (PMDB), coordenador oficial do grupo de transição.

O PP resolveu procurá-lo com receio de perder de vez o Ministério das Cidades.

No início do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, o PT ficou com a pasta.

Em 2005, o PP exigiu a pasta para compor a base aliada no Congresso.

Na época, a negociação foi feita pelo então presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), que chegou a indicar o deputado Ciro Nogueira (PP-PI).

O nome, porém, foi rejeitado por Lula.

A segunda opção acabou sendo o técnico Márcio Fortes (PP-RJ), que está no comando das Cidades até hoje.

Ele, no entanto, não conta com o apoio da bancada da Câmara.

Seu principal padrinho é o presidente do PP, o senador Francisco Dornelles (RJ).

O PP não apoiou Dilma oficialmente durante a campanha, mas pediu para manter a pasta em troca de apoio.

O partido detém a quinta maior bancada na Câmara (41 deputados) e aumentou de um para cinco o número de senadores.

O problema é que a maioria dos deputados não quer mais Márcio Fortes no comando das Cidades.

Os congressistas avaliam que ele é “mais servil” ao Palácio do Planalto do que ao partido.

Somado a isso, há o interesse do PT em retomar as Cidades da qual foi dono entre 2003 e 2005.

Na época, o ex-governador do Rio Grande do Sul Olívio Dutra era o ministro.

Agora, os petistas tentam emplacar o ex-prefeito de Diadema José di Filippi Júnior.

Engenheiro e com três passagens pela prefeitura localizada no ABC paulista, ele também foi tesoureiro das campanhas de Lula, em 2006, e de Dilma, em 2010.

Outra opção (e talvez mais fácil) é Inês Magalhães, atual secretária de Habitação do Ministério das Cidade.

Filiada ao PT, ela é ligado ao deputado cassado e ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.

Segundo o iG apurou, Dirceu articula a favor dela.

Na semana passada, Dilma já havia dado sinais de que considera o Ministério das Cidades “uma pasta estratégica”.

Bandeira de campanha do governo Lula e da campanha de Dilma, “Minha Casa, Minha Vida” é coordenado pela pasta.

Por isso, se houver a divisão, esse programa ficará subordinado ao novo Ministério da Habitação e do Desenvolvimento Urbano.

Por esse motivo, Dilma gostaria de contar com um ministro de sua extrema confiança.

Ao PP, restaria comandar os projetos de saneamento e mobilidadade, principalmente os relacionados ao Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).

Desse modo, os pepistas herdariam uma pasta esvaziada.

Os grandes projetos de infra-estrutura para a Copa do Mundo de 2014 vão ser direcionados para o ministério do Planejamento, sob o comando da nova ministra Miriam Belchior.

Ela também levou para a pasta a gestão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).