No seu primeiro discurso na tribuna do Senado Federal após as eleições, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) anunciou publicamente que votará contra qualquer tentativa de o futuro Governo Dilma em recriar a CPMF. “Quero deixar pública a minha posição: votarei contra qualquer proposta que recrie a CPMF ou implique criação ou aumento de impostos”, afirmou Jarbas.

O senador do PMDB pediu respeito da futura presidente à atuação oposicionista. “Que (ela) desenvolva uma relação de respeito com a oposição; que busque uma convivência republicana, sem tentativas de cooptação ou de acordos de gabinete; que não pregue o extermínio daqueles que pensam de forma diferente, pois, sem oposição, não há democracia”.

O pernambucano conclamou a oposição a buscar apoio na opinião pública contra o novo imposto. “Para repetir a votação do dia 13 de dezembro de 2007, quando esta Casa rejeitou a renovação do imposto do cheque.” Jarbas Vasconcelos também fez uma avaliação do trabalho que a oposição exercerá a partir de 2011, com Dilma Rousseff na Presidência da República. “Não existe segredo, não há mistério sobre essa questão: nas democracias, quem vence a eleição vai governar, e quem perde assume o papel de oposição, de contraponto, daquele que, por meio da crítica responsável e da fiscalização do governo, contribui democraticamente para o sucesso da Nação”.

De acordo com Jarbas, o fato de integrar a dissidência do PMDB e a bancada de oposição no Senado Federal não o impedirá de votar favoravelmente a propostas apresentadas pelo Governo. “Sempre me posicionei nesta Casa com a convicção de que procuro fazer o melhor por Pernambuco e pelo Brasil.

Eu vou manter esse princípio de comportamento e de atuação”. “É verdade que, dentro do Congresso Nacional, o trabalho da oposição exigirá um esforço ainda maior diante dos inúmeros quadros que não conseguiram se reeleger.

Perdemos figuras importantes, parlamentares que contribuíam para um debate e um enfrentamento de alto nível no Senado Federal e na Câmara dos Deputados.

Nesta Casa, eu gostaria de citar os Senadores Marco Maciel, Tasso Jereissati, Arthur Virgílio, Mão Santa e Heráclito Fortes, companheiros que farão falta ao Parlamento”, lamentou Jarbas Vasconcelos.

Disse ainda Jarbas: “Fiquem certos que não vou me intimidar diante desta realidade na qual a oposição ficou ainda mais reduzida no Parlamento.

Aqui, nesta tribuna, falaremos em nome de 43% dos brasileiros que votaram na oposição no segundo turno.

Da minha parte, prometo uma postura combativa e construtiva”.

ABUSOS DE LULA – Jarbas Vasconcelos afirmou que o resultado da eleição nacional, com a vitória do PT, não apaga os abusos cometidos pelo presidente Lula na busca para eleger Dilma. “Lula montou um palanque móvel antes do prazo legal e com ele percorreu todo o Brasil.

O Presidente desrespeitou a legislação eleitoral para viabilizar a vitória da candidata do PT.

Fez uso exagerado da máquina do Governo, atacando a oposição e pregando o extermínio dos seus adversários.” Na avaliação de Jarbas, o presidente Lula atuou como “chefe de uma facção” e não como o presidente de todos os brasileiros.

Para o senador do PMDB, uma parcela expressiva da população não aprovou esse comportamento, pois o Governo não atingiu seu intento de encerrar a disputa no primeiro turno das eleições.

Jarbas também criticou o “terrorismo” que Lula e o PT fizeram no segundo turno, acusando o candidato José Serra de querer privatizar estatais como o Banco do Brasil e a Petrobras. “Uma prática condenável - já utilizada em outras disputas – que é a de repetir uma mentira várias vezes com o intuito de transformá-la em verdade”.

O senador foi duro: “Essa prática fascista tem que ser enfrentada, denunciada e repudiada, para que não se repita no futuro.” Jarbas Vasconcelos defendeu que a presidente Dilma assuma a defesa das Reformas Política e Tributária. “Nunca é demais lembrar que o presidente Lula foi eleito pela primeira vez, em 2002, com dois compromissos perante a Nação: liderar uma agenda de reformas institucionais e fazer da ética uma bandeira permanente do Governo.

Após oito anos, não fez nem uma coisa nem outra.”