Sheila Borges, do Jornal do Commercio Dos R$ 5,260 milhões arrecadados pelo comitê financeiro da campanha eleitoral do senador eleito Humberto Costa (PT), R$ 1,468 milhão foi repassado para 19 candidatos a deputado federal e estadual que concorreram a um cargo eletivo pela Frente Popular de Pernambuco nas eleições deste ano.

Assim, conseguiu assegurar o compromisso dos proporcionais de apoiarem o seu projeto majoritário vitorioso.

Do grupo beneficiado, só um político não pertence aos quadros do PT: o deputado estadual reeleito Alberto Feitosa (PR).

E foi justamente para Feitosa o maior depósito feito por Humberto a um proporcional, uma cota de R$ 200 mil que se converteu no principal aporte da campanha do candidato do PR.

Humberto explicou ontem que esse valor fez parte de uma ajuda que o próprio PR pediu ao PT.

Coube então ao ex-ministro da Saúde fazer a contribuição.

Ele tomou como base as doações que recebeu do PT, de empresas jurídicas e do comitê financeiro do governador-reeleito Eduardo Campos (PSB) – que colaborou com R$ 73,5 mil. “Falei com Inocêncio Oliveira (deputado federal reeleito e presidente regional do PR), que pediu que eu ajudasse Feitosa.

Acho que ele (Feitosa) ajudou outros candidatos do PR.

Foi um acerto”, argumentou Humberto.

O senador eleito fez doações para todos os candidatos inscritos, vitoriosos ou não, do PT.

Quem não recebeu a colaboração em dinheiro ganhou peças de campanha, como panfletos e adesivos.

Os valores dos depósitos em dinheiro não foram iguais. “Tinha candidato mais forte do que outros.

A ajuda foi diferenciada, mas todos receberam auxílios”, explicou Humberto.

Dos eleitos, receberam contribuições em espécie do senador os estaduais Teresa Leitão (R$ 90 mil), Sérgio Leite (R$ 93 mil), André Campos (R$ 75 mil), Isaltino Nascimento (R$ 100 mil) e Manoel Santos (R$ 50 mil).

E os federais João Paulo (R$ 150 mil), Fernando Ferro (R$ 50 mil), Maurício Rands (R$ 100 mil) e Pedro Eugênio (R$ 100 mil).

A prestação de contas do ex-ministro também contabilizou repasses a candidatos que não foram eleitos, como Enildo Arantes (R$ 43 mil), Oscar Paes Barreto (R$ 50 mil), Fernando Nascimento (R$ 75 mil), Isabel Cristina (R$ 100 mil), Múcio Magalhães (R$ 35 mil), Sérgio Goiana (R$ 35 mil), Josenildo Sinésio (R$ 50 mil), Rogério Meneses (R$ 40 mil), Lucicleide Santana (R$ 7 mil), Fábio Barros e Silva (R$ 20 mil) e Elias Franca (R$ 15 mil).

Como a despesa total de Humberto Costa foi de R$ 6,2 milhões, terminou com um déficit nas suas contas de campanha de R$ 948 mil.

O deputado federal reeleito Eduardo da Fonte (PP) também foi um campeão no repasse de doações a outros candidatos proporcionais.

Arrecadou R$ 2,967 milhões e contribuiu com R$ 1,473 milhão para as campanhas dos postulantes que fizeram dobradinha com ele - um valor um pouco superior ao de Humberto Costa.

Para garantir sua reeleição, Eduardo da Fonte fez parcerias com políticos de vários partidos e não apenas com os ligados à Frente Popular.

A maior quantia, inclusive, foi dada ao tucano Carlos Santana (PSDB), que recebeu R$ 340 mil.

Eduardo da Fonte fez depósitos ainda para os deputados estaduais eleitos Ricardo Costa (PTC, R$ 70 mil), Vinícius Labanca (PSB, R$ 285 mil), Cleiton Collins (PSC, R$ 153,9 mil), Everaldo Cabral (PTB, R$ 160 mil) e Eriberto Medeiros (PTC, R$ 100 mil).

Colaborou também com os derrotados Eurico Tavares (PTC), Emanuel Bringel (PSDB), José Inácio de Souza (PP) e Rogério de Lucca (PSL).

Tanto Humberto como Eduardo receberam boa parte do dinheiro arrecadado dos respectivos partidos, ou seja, por meio de doações ocultas.

Isso porque os nomes dos doadores só poderão ser revelados em abril do ano que vem, quando as legendas entregam à Justiça Eleitoral as suas prestações de contas, detalhando quem fez doações para as siglas ao longo de 2010.

Todas as informações das prestações dos candidatos eleitos e derrotados podem ser acessadas no site do Tribunal Superior Eleitoral: www.tse.gov.br.