Por Adriano Oliveira – Cientista Político Cientistas políticos não devem ter receio em especular. É impossível analisar dada disputa eleitoral sem considerar cenários.
Estes são hipóteses, as quais serão comprovadas ou não.
Diante dos cenários, os atores políticos adquirem condições adequadas para escolherem estratégias eficientes para a conquista dos seus objetivos.
Quais as chances da oposição em 2012?
A oposição tem chances de conquistar a prefeitura do Recife em 2012.
Contudo, ela não deve desprezar o seguinte cenário: João da Costa adquire condições de ser reeleito.
Desprezar as chances eleitorais do atual prefeito significa construir antecipadamente a derrota.
Costa é um bom técnico, aparenta ter o apoio de Humberto Costa para a reeleição e caso seja candidato contará com a estrutura estatal.
A oposição tem três candidatos viáveis: Raul Henry (PMDB), Raul Jungmann (PPS) e Mendonça Filho (DEM).
Não me interessa quantos votos cada um destes obteve na última eleição em Recife.
Estes votos não representam a potencialidade do candidato, pois eles estão disputando a eleição de prefeito do Recife.
Porém, os três possíveis competidores, caso construam alianças políticas, possuem condições de enfrentar João da Costa.
Os três candidatos devem ser candidatos separadamente?
Aconselho que não.
Não existem partidos suficientes para possibilitar alianças políticas robustas caso os três saiam candidatos.
Sem alianças robustas, menos candidatos a vereadores pedindo votos e, talvez, reduzida arrecadação financeira.
Não vejo, neste instante, a possibilidade de Henry, Jungmann e Mendonça se unirem.
As recentes disputas na Câmara Municipal me fazem afirmar isto.
Mas eles precisam se unir.
Qualquer um dos três pode abrir mão da cabeça de chapa em 2012 e costurar acordos para 2014.
Por exemplo: Henry vice de Jungmann ou de Mendonça?
Mas, o que Henry ganharia em 2014?
Aceitar ser vice de alguém requer benefícios futuros.
Ninguém, certamente, pensa em disputar a eleição do Senado contra Eduardo Campos em 2014.
Mas, os oposicionistas podem pensar em disputar a sucessão de Campos.
Entretanto, quem se arriscará?
Diante deste imbróglio, a oposição reduz as suas chances de sucesso eleitoral.
Há outro fator que dificulta o sucesso da oposição em 2012, qual seja: a candidatura de João Paulo.
O ex-prefeito do Recife pode ser candidato pelo PT ou por outra legenda.
Com João Paulo candidato, as chances de todos os competidores são reduzidas.
Imaginem, ainda, se João Paulo pensa, e ingressa no PMDB e sai candidato a prefeito com Henry como vice?
Caso isto ocorra, o resultado da eleição de 2014 dependerá fortemente do sucesso de João Paulo em 2012.
Os atores da oposição devem ficar atentos aos passos do governador Eduardo Campos. É possível uma aliança entre PSB, PSDB e PPS em 2012?
O governador enfrentará o PT na eleição municipal?
Indagações como estas, o fator João Paulo e os interesses divergentes dos atores oposicionistas poderão dificultar a conquista da prefeitura do Recife por parte da oposição.
Os oposicionistas precisam conversar!
Adriano Oliveira Professor Adjunto do Departamento de Ciência Política (UFPE) Coordenador do Núcleo de Estudos de Estratégias e Política Eleitoral (UFPE)