No Estadão O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, está decidido a não aceitar nenhum convite para permanecer à frente da instituição, caso a presidente eleita, Dilma Rousseff, não lhe garanta autonomia absoluta de ação.

Meirelles também não aceita a hipótese de servir de tampão durante o primeiro trimestre, até a escolha de um novo e definitivo presidente do BC.

Meirelles considera que ceder na autonomia - e há informações de que ela lhe será tomada, de forma a fazer com que a taxa de juros venha a sofrer queda mais rápida, até chegar a 2% (acima da inflação) em 2014 - comprometerá sua biografia e a credibilidade que conquistou nos oito anos à frente do BC, no governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

Portanto, apurou o Estado, o caminho mais certo até agora no xadrez da montagem do ministério de Dilma será a substituição de Meirelles por alguém que tenha forma de pensar mais próxima da presidente eleita e do ministro da Fazenda, Guido Mantega, confirmado no cargo.

Meirelles estava ontem em Frankfurt.

Nesse caso, Alexandre Tombini, diretor de Normas e Sistema Financeiro do Banco Central, é o mais cotado para ocupar o lugar de Meirelles.

Dilma considera que a atuação de Meirelles foi muito importante para sustentar a política de combate à inflação do governo Lula.

E que foi também certeiro nas medidas de contenção dos efeitos da crise econômica mundial de 2008 e 2009 no Brasil, ao liberar R$ 100 bilhões dos depósitos compulsórios dos bancos para irrigar o crédito num momento em que faltava dinheiro para o giro de capital de empresas e de pessoas físicas.

Mas Dilma quer centralizar em torno de si todas as ações econômicas do início do governo.

Ela acha que o BC, combinado com a Fazenda e o Planejamento, tem de encontrar formas diferentes de promover o combate à escalada da inflação, hoje muito restrita ao aumento da taxa de juros.

Como Dilma pretende sinalizar que vai baixar os juros de imediato, ela quer que a primeira reunião do Conselho de Política Monetária (Copom) jogue as taxas para baixo.