No Jornal do Commercio BRASÍLIA – Além da permanência do ministro da Fazenda, Guido Mantega, acertada na viagem de volta da Coreia do Sul e confirmada ontem – embora não tenha anunciado oficialmente –, a presidente eleita Dilma Rousseff já definiu que pelo menos outros cinco nomes do PT vão integrar a linha de frente de seu governo, com cargos de ministros.
Em encontro de mais de duas horas, ontem, na Granja do Torto, Dilma e Mantega discutiram nomes para o segundo escalão da Fazenda.
Na lista dos petistas já com cargos assegurados no novo governo estão o deputado Antonio Palocci (PT-SP), que vai ocupar função de destaque no Palácio do Planalto, e o ministro Paulo Bernardo (Planejamento), que também irá para o Planalto.
O deputado José Eduardo Cardozo (SP) será ministro da Justiça.
O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) e o chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, serão ministros, mas sem pastas ainda definidas.
Esse núcleo duro do governo Dilma foi construído em sintonia com o presidente Lula, na semana passada, quando ainda estavam na Coreia do Sul, junto com Mantega, para a reunião de cúpula do G-20.
E também esta semana em um encontro de mais de três horas no Palácio da Alvorada, do qual também participou Palocci.
Embora nem todos os cargos estejam definidos, esses nomes já foram escolhidos.
Pela primeira vez, três semanas depois da eleição, Dilma disse a interlocutores que Palocci vai acompanhá-la no Planalto.
Não há mais resistências ao nome dele, que chegou a ser visto no primeiro momento como uma possibilidade de “sombra” para a presidente eleita.
Ainda não há definição do cargo de Palocci, mas pode ser o comando da Secretaria Geral da Presidência.
Para fazer dobradinha com Palocci, Dilma puxará Paulo Bernardo.
Para seu lugar no Planejamento, Dilma pode indicar Miriam Belchior, coordenadora do PAC.
Mantendo o PAC no Planalto, como é hoje, Mercadante iria para o Planejamento.
E Miriam não seria ministra.
O senador pode ir também para os ministérios da Educação ou de Ciência e Tecnologia.
Já Gilberto Carvalho exercerá o papel de interlocutor com os movimentos sociais, hoje ocupado pelo secretário-geral da Presidência, Luiz Dulci, mas não necessariamente neste cargo.
Sua permanência no Planalto foi uma das primeiras sugestões de Lula a Dilma, depois da defesa que fez de Guido Mantega.
FAZENDA Lula já tinha antecipado em Seul que Mantega ficaria, quando, em entrevista, cometeu o ato falho de dizer que o titular da Fazenda estaria na próxima reunião do G-20, que só vai ocorrer no próximo ano.
Com Mantega no cargo, Dilma, na prática, terá o comando da Fazenda e influência direta nas escolhas dos principais cargos do ministério.
Após o longo encontro da Granja do Torto, o ministro da Fazenda manteve silêncio sobre o convite de Dilma.
De volta ao ministério, se limitou a dizer a assessores que ela pediu uma avaliação sobre a economia em geral e sobre o comportamento das receitas e das despesas.
Questionado sobre a transição de governo e sobre se o ministro da Fazenda Guido Mantega permaneceria na nova equipe, o ministro Paulo Bernardo disse que “não era ninguém para dar palpite”, e que não tinha nenhuma expectativa de continuar no governo de Dilma.