Gilvan Oliveira, do Jornal do Commercio A gestão João da Costa (PT) reconheceu ontem um mal-estar com as emendas ao Orçamento apresentadas pelo presidente da Câmara de Vereadores do Recife, Múcio Magalhães (PT), e ao mesmo tempo sinalizou que vai trabalhar para derrubá-las. “De uma certa forma isso expõe o governo”, avaliou o líder governista na Câmara, Josenildo Sinésio (PT), sobre o “fogo amigo” do correligionário. “Vamos votar em sintonia com a gestão”, complementou Josenildo.
Múcio apresentou 27 emendas com o objetivo de reservar recursos a reajuste salarial de servidores municipais no total R$ 49,2 milhões.
Ele disse que suas proposições foram formuladas a pedido do fórum dos servidores municipais, pelo fato do projeto de lei do Orçamento enviado pelo Executivo não ter previsão para aumentos.
Mas o governo alega que os aumentos são definidos na mesa permanente de negociação com o funcionalismo.
Esse tipo de emenda é incomum na Câmara e o gesto de Múcio vai além da atuação legislativa: é mais um desdobramento da distensão política entre o atual prefeito e o grupo do antecessor, João Paulo (PT), do qual o presidente da Câmara faz parte.
Criaria uma situação de desgaste para a gestão com os servidores, que se veria obrigada a rejeitar as emendas dele.
O secretário municipal de Coordenação Política, o ex-vereador Henrique Leite, responsável pelo diálogo do Executivo com o Legislativo, disse ontem acreditar que a Câmara vai aprovar o texto original do Executivo, rejeitando as emendas.
Para ele, haveria uma atitude de Múcio “excessivamente corporativa”. “O Orçamento não pode ser levado pela emoção ou pelo corporativismo, temos que analisar questões coletivas.
Isso (esse tipo de emenda) não ocorreu em gestões anteriores”, avaliou o secretário, em referência velada à gestão João Paulo, na qual Múcio foi secretário de Governo.
Henrique Leite e o secretário municipal de Finanças, Marcelo Bezerra, estarão na reunião da Comissão de Finanças da Câmara na próxima segunda-feira, às 10h, última oportunidade para os vereadores debaterem a proposta do Orçamento 2011.
Após a discussão na comissão, o projeto segue para votação em Plenário.