O deputado estadual do PT André Campos reclamou, na Assembleia, nesta tarde, contra a interferência do Executivo na montagem da mesa diretora da Assembleia.

Poupou Eduardo, mas mandou seu recado de forma dura.

O petista voltou suas baterias contra o colega político Etorre Labanca, que é pefeito de São Lourenço, mas opera nos bastidores políticos locais com o aval do Palácio do Governo, por gozar de ampla intimidade com o governador Eduardo Campos e com o presidente da Alepe, Guilherme Uchoa.

Na tribuna, chamou Labanca de ditador.

Labanca é ex-secretário de Articulação Politica do governo Eduardo e Campos explorou esse flanco. “Está ocorrendo uma interferência estranha na Alepe e eu não admito isto.

Labanca devia cuidar de São Lourenço da Mata e deixar que os deputados cuidem da Assembleia.

Ele quer transformar a Alepe em senzala do Palácio de São Lourenço”, bateu.

No mesmo discurso reclamou que, sem falar com os partidos, o político estaria escolhendo lideranças para cargos na Alepe pelos jornais.

A aposta de André Campos é simples.

Ele sabe que João Fernando Coutinho não tem unanimidade na casa, depois de dois mandatos, quando sempre se criam arrestas na disputa por verbas e nomeações.

Assim, alguns deputados podem não votar em João Fernando.

Mas André Campos não pode esticar muito a corda, para não parecer que está desafiando o governador Eduardo Campos e ser atropelado pelo bom e velho rolo compressor.

A petista Tereza Leitão, junto com Maviael Cavalcanti e Antônio Moraes, prestaram solidariedade a André Campos.

Tereza Leitão explicou que o PT não tinha se reúnido e discutido qualquer encaminhamento, para haver uma posição oficial que vetasse o nome de André Campos. “Ninguém pode falar pelo PT”, afirmou.

Em um ensaio de democracia, disse que, se houvesse bate-chapa, não seria o fim do mundo e tudo poderia ser definido no voto, como quando Sebastião Rufino tentou eleger-se enfrentando Romário Dias, em seu terceiro mandato.

Conforme informou o JC na edição de hoje, o Palácio do Campo das Princesas fechou o cerco e o deputado André Campos (PT) já foi comunicado que terá que recuar da pretensão de disputar a 1ª secretaria da Assembleia Legislativa, cargo responsável por administrar um orçamento estimado em R$ 300 milhões para o próximo ano.

Ex-deputado, ex-secretário estadual de Articulação Parlamentar e hoje prefeito de São Lourenço da Mata, Ettore Labanca (PSB) ofereceu um almoço em sua residência a amigos integrantes do governo e, no esboço do desenho para os principais cargos da Assembleia Legislativa, foi decidido que André não terá espaço para costurar apoios na base aliada.

O argumento defendido é de que o petista não teria “legitimidade” para ocupar a cadeira.

Além de o PT ter a terceira bancada mais numerosa, André não seria o primeiro na fila de espera.

O deputado Aglaílson Júnior (PSB), preterido duas vezes consecutivas para a 1ª secretaria, é quem teria o direito de reivindicar a vaga, na visão dos governistas.

Membro do PSB, maior partido na Casa, com 13 parlamentares eleitos, Aglaílson poderia argumentar a tese da proporcionalidade e o fato de João Fernando Coutinho (PSB) ter assumido o compromisso de não buscar mais dois anos na cadeira que detém a chave do cofre.

Procurado por interlocutores, Aglaílson – hoje 3º secretário na Casa – disse que não tem mais interesse na mesa, o que ajudou o Palácio a montar a estratégia, rifando André.

RECUO FORÇADO Em descanso numa praia para aproveitar o feriadão, André Campos foi aconselhado a “mergulhar” na eleição da mesa, sem fazer queixas em público quanto à solução montada pelo governo.

O deputado respondeu que iria pensar no assunto, mas reiterou que gostaria de ter uma conversa com o governador Eduardo Campos (PSB), que está em viagem à Europa – acompanhado da primeira-dama Renata Campos – e retorna amanhã.