Jorge Cavalcanti, do Jornal do Commercio O Palácio do Campo das Princesas fechou o cerco e o deputado André Campos (PT) já foi comunicado que terá que recuar da pretensão de disputar a 1ª secretaria da Assembleia Legislativa, cargo responsável por administrar um orçamento estimado em R$ 300 milhões para o próximo ano.

Ex-deputado, ex-secretário estadual de Articulação Parlamentar e hoje prefeito de São Lourenço da Mata, Ettore Labanca (PSB) ofereceu um almoço em sua residência a amigos integrantes do governo e, no esboço do desenho para os principais cargos da Assembleia Legislativa, foi decidido que André não terá espaço para costurar apoios na base aliada.

O argumento defendido é de que o petista não teria “legitimidade” para ocupar a cadeira.

Além de o PT ter a terceira bancada mais numerosa, André não seria o primeiro na fila de espera.

O deputado Aglaílson Júnior (PSB), preterido duas vezes consecutivas para a 1ª secretaria, é quem teria o direito de reivindicar a vaga, na visão dos governistas.

Membro do PSB, maior partido na Casa, com 13 parlamentares eleitos, Aglaílson poderia argumentar a tese da proporcionalidade e o fato de João Fernando Coutinho (PSB) ter assumido o compromisso de não buscar mais dois anos na cadeira que detém a chave do cofre.

Procurado por interlocutores, Aglaílson – hoje 3º secretário na Casa – disse que não tem mais interesse na mesa, o que ajudou o Palácio a montar a estratégia, rifando André.

O almoço na casa de Ettore Labanca ocorreu no último sábado.

Estiveram presentes, entre outros convidados, o vice-governador João Lyra Neto (PDT), o presidente estadual do PSB e prefeito em exercício do Recife, Milton Coelho, e o procurador-geral do Estado, Tadeu Alencar.

Um dia depois, o prefeito de São Lourenço viajou a Portugal na companhia da mulher e do casal Guilherme e Eva Uchoa.

Presidente da Assembleia por dois biênios seguidos, Uchoa, que é do PDT, é tido como “consenso” entre os deputados para o terceiro mandato, com o apoio declarado da bancada do PSB e o aval do Palácio.

Ettore tem o hábito de convidar amigos e gostaria de promover um encontro antes da viagem.

RECUO FORÇADO Em descanso numa praia para aproveitar o feriadão, André Campos foi aconselhado a “mergulhar” na eleição da mesa, sem fazer queixas em público quanto à solução montada pelo governo.

O deputado respondeu que iria pensar no assunto, mas reiterou que gostaria de ter uma conversa com o governador Eduardo Campos (PSB), que está em viagem à Europa – acompanhado da primeira-dama Renata Campos – e retorna amanhã.

Entre os que estão à frente do processo de definição para os principais cargos da Assembleia, é consenso também que André sempre defendeu o governo e, por isso, não deveria ser exposto como “derrotado”.

Além da vaga a que o PT tem direito na mesa (a 2ª secretaria), foi pensada para ele a vice-liderança do governo.

O regimento da Assembleia prevê duas vice-lideranças, tanto para o governo quanto para a oposição.

O petista poderia ocupar uma, pois Aglaílson caminha para ser o indicado à outra.

As funções dão direito a uma acréscimo de 50% sobre a verba de gabinete, hoje no valor de R$ 57.222 e destinada ao pagamento de assessores.

Na liderança, Isaltino Nascimento (PT) será mantido.

O sentimento hoje nos bastidores da Casa é o de que, embora João Fernando Coutinho não desfrute da mesma simpatia que Uchoa tem entre os pares, dificilmente irá ganhar corpo algum movimento de resistência à sua ida para o terceiro mandato na 1ª secretaria.

O retrospecto das eleições anteriores mostra que os bate-chapas ocorrem, geralmente, no meio do mandato.

Em início de legislatura, com uma perspectiva de quatro anos de governo, ninguém se arrisca a desagradar o governador, qualquer que seja ele.

Ainda mais no caso de Eduardo, o mais votado do País em termos proporcionais, com 82,8% dos votos válidos, com uma base formada por 39 dos 49 deputados e com a possibilidade de reduzir a oposição a cinco deputados, se o PSDB anunciar a adesão formal.