No Jornal do Commercio RIO – Um jovem de 19 anos foi baleado na noite de domingo após participar da Parada Gay, no Rio.
Segundo o estudante, o autor do disparo foi um militar do Exército, que teria, com outros dois militares, hostilizado um grupo de homossexuais.
O tiro o atingiu no abdome, mas não perfurou nenhum órgão vital.
O Exército, que ontem de manhã divulgou nota descartando qualquer envolvimento, afirma que vai ajudar nas investigações.
O jovem contou à polícia que, depois da Parada Gay, realizada na orla de Copacabana, na Zona Sul da capital fluminense, seguiu com dois amigos para o Parque Garota de Ipanema, no bairro vizinho do Arpoador.
O local estava fechado e eles entraram por uma abertura nas grades.
Segundo o rapaz, no parque havia cerca de 15 jovens homossexuais namorando.
Alguns faziam sexo.
A área não é de responsabilidade militar, mas fica ao lado do Forte de Copacabana, controlado pelas Forças Armadas.
Perto da meia-noite (23h no Recife), diz o rapaz, três militares fardados abordaram o grupo e pediram a identificação deles.
Como o companheiro dele não tinha documento, eles os retiveram e passaram a hostilizá-los. “Começaram a nos ofender, dizendo que, se pudessem, matariam todos com as próprias mãos, porque é uma raça desgraçada”, contou.
Segundo ele, um dos oficiais o derrubou no chão com um empurrão, atirou em sua barriga, usando uma pistola, e o chutou.
Sangrando, ele foi socorrido por PMs que foram avisados por transeuntes do disparo no alto do parque.
Pelo relato do jovem à polícia, o tiro foi disparado por um militar baixo, gordo e de língua presa, que estava acompanhado de um alto e magro.
O Comando Militar do Leste emitiu nota pela manhã afirmando que não foi registrado nenhum disparo de arma de fogo por militares de serviço no Forte de Copacabana e que não existe nenhum tipo de patrulha externa realizada por militares de serviço no forte, fora da área militar. À tarde, dois militares foram à delegacia prestar esclarecimentos e dizer que o Exército pretende ajudar nas investigações.
Eles informaram que, dos 30 militares que ficam no forte a cada turno, três trabalham armados. “Disseram que já foi aberto um procedimento interno para apurar o caso”, contou o delegado Alessandro Thiers.
Ele disse que também ouviu, informalmente, outros amigos do jovem baleado e que eles também deram a mesma versão.
Na quinta-feira, a polícia ouvirá o responsável pelo comando do forte na noite do crime e os militares que faziam plantão.