Por Márcio Peppe É sempre estimulante receber boas notícias sobre o sucesso internacional do Brasil.
Este é o caso do resultado da Pesquisa BDO Ambition 2010: Oportunidades Globais, realizada pela rede BDO com líderes empresariais em 10 países, que mostra o nosso país como um dos destinos preferidos das empresas que planejam se expandir.
De acordo com a pesquisa, o Brasil está na terceira posição, ao lado dos Estados Unidos, entre os mercados escolhidos para a expansão internacional futura das empresas consultadas, com 14% das citações, atrás apenas da China (com 32%) e da Índia (20%).
Outro dado trata do sucesso obtido pelas empresas que de fato expandiram-se internacionalmente.
Segundo os líderes empresariais consultados, o mercado brasileiro está em segundo lugar entre os mais bem-sucedidos destinos para seus negócios, atrás apenas da Rússia, e à frente de China (em terceiro) e Alemanha (em quarto).
De fato, são boas notícias que vêm de um mercado globalizado.
No entanto, é possível melhorar a atratividade brasileira diante dos players mundiais.
Para isso, o país tem de investir esforços e recursos para corrigir barreiras que desestimulam o empenho dos estrangeiros em realizar investimentos produtivos por aqui.
Entre as barreiras, destaco a pesada carga tributária que incide sobre o setor produtivo, sem me esquecer do sistema legal caótico e do inconstante marco regulatório que oferece brechas à guerra fiscal.
A solução para o problema: promover uma ampla reforma tributária que permita desoneração das empresas.
Outro problema refere-se à burocracia oficial, que exige dos empreendedores investimentos que poderiam ser canalizados para a produtividade.
Nessa linha, além da adoção de medidas para desburocratizar a relação entre os governos e o setor privado, é preciso estimular os programas, leis, normas e iniciativas de apoio à abertura e consolidação de empresas.
Mesmo sendo lembrado no estudo como um país com infraestrutura adequada ao crescimento, há muito a fazer nessa área.
Para isso, é preciso conhecer o potencial atual, avaliar as necessidades futuras, planejar e executar as ações necessárias para adequar as estruturas e contar com os recursos financeiros, humanos e técnicos que garantam a constante evolução do segmento.
Por falar em recursos humanos, será necessário investir decisivamente em educação e na formação de pessoal capacitado para atender às crescentes exigências do mercado de trabalho.
O Brasil também foi citado como destino ambicionado principalmente por empresas norte-americanas, europeias e chinesas.
Isto indica ser necessário ampliar e diversificar nossas ações voltadas a estimular a atração de empresários de outras regiões, seja no âmbito diplomático, das agências oficiais de integração ou das entidades representativas do empresariado.
Comemorar resultados positivos de pesquisas que mostram o grande potencial de crescimento do Brasil é muito prazeroso.
Mas não podemos ser negligentes e descuidar das condições que podem estimular a atração de mais e melhores investimentos produtivos a nosso país.
São muitos os desafios, e cabe a nós seguirmos preparando as condições para que o Brasil esteja muito em breve no rol dos países reconhecidos não apenas pelo seu potencial, mas, especialmente, pela sua condição de economia desenvolvida.
PS: Márcio Peppe é sócio-diretor de auditoria da BDO no Brasil