Por Ana Laura Farias, do Blog de Jamildo Eduardo Campos, governador reeleito com maior percentual de votos (82%), encabeça a discussão de um dos assuntos mais impopulares do Brasil: impostos.

O presidente do PSB defende a criação de um novo imposto para a saúde, argumentando que este é necessário para o bom funcionamento da área em todo o país.

O presidente Lula e a presidente eleita, Dilma Rousseff, têm evitado tocar no assunto, que dizem ser “da competência dos governadores”.

Existem, atualmente, 61 impostos no Brasil, fazendo com que o país tenha o sistema tributário mais caro do mundo.

Até que ponto a criação desse imposto poderia trazer prejuízos à popularidade do governador reeleito?

Eleitores reclamam do assunto não ter sido exposto durante a campanha eleitoral.

Para o cientista político Adriano Oliveira, coordenador do Núcleo de Estudos de Estratégia e Política Eleitoral da UFPE, assumir a luta pela CPMF (ou imposto semelhante) foi um erro estratégico de Eduardo Campos. “O próprio governador notou isso, tanto que recuou na intensidade do discurso”.

Para Adriano, a luta por um assunto tão impopular poderia trazer prejuízos para projetos futuros de Eduardo a nível nacional. “Eduardo sabe que para ser candidato a vice ou mesmo a presidente, precisa do apoio do empresariado do Sul e do Sudeste, locais de concentração do PIB nacional”, acrescenta.

Quanto ao eleitorado de Pernambuco, Adriano acredita que também poderia haver uma crise de imagem do governador, caso seguisse a mesma linha de discurso. “Ele poderia perder credibilidade.

Eduardo tem o respaldo eleitoral, mas não pode ir contra a vontade popular”, argumenta. “Assim, ele perderia apoio no empresariado e na classe média, inclusive na classe C, especialmente nos proprietários de pequenas empresas, que não gostariam de ter a carga tributária aumentada”, acrescenta.

Já o cientista político do Instituto Maurício de Nassau Clóvis Miyachi não acredita que a popularidade de Eduardo possa ser abalada com a defesa do imposto. “A população entende a necessidade do imposto para melhorar o sistema de saúde.

Ele acredita que a escolha do governador de Pernambuco para “porta-voz” da campanha pró-imposto deu-se pela força política de Eduardo no Nordeste.

Dos nove estados da região, quatro serão comandados pelo partido de Eduardo Campos : Pernambuco, Paraíba (Ricardo Coutinho), Piauí (Wilson Martins) e Ceará (Cid Gomes).