Do site da Folha de São Paulo Em seu último discurso na cúpula do G20, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva advertiu neste sexta-feira contra os reflexos de “decisões unilaterais” de países ricos na economia mundial, fez vários autoelogios e pediu ajuda à África. “Eu não gosto de falar do futuro, porque o futuro a Dilma pertence, presidente nova no Brasil a partir de 1º de janeiro.

Mas quero dizer pra todos vocês que o Brasil vive o seu melhor momento desde 1961”, afirmou Lula, com a presidente eleita e aliada ao lado.

Lula usou a maior parte do discurso para fazer um balanço positivo do seu governo: disse que o Brasil vai cumprir as metas do milênio, lembrou que o país foi um dos primeiros a sair da crise e ressaltou que Dilma não receberá um “herança maldita”. “A crise no Brasil durou praticamente seis meses, entre outubro e março.

Um dia depois, todos os setores da economia já estavam se recuperando a partir de uma decisão de governo, de fortalecer o mercado interno como base do desenvolvimento econômico”, afirmou Lula, na reunião com os demais chefes de Estado do G20 e convidados. “A presidenta Dilma não vai fazer nenhum discurso dizendo que recebeu uma herança maldita do presidente Lula porque ela ajudou a construir tudo o que nós construímos até agora.

O [presidente americano, Barack] Obama recebeu uma herança maldita, uma crise financeira sem precedentes.

Eu recebi uma herança maldita, um país andando pra trás.” Sobre o tema mais controvertido da cúpula, a guerra cambial, Lula criticou “decisões unilaterais” e pediu mais coordenação entre os países.“Companheiros, não existe nenhuma possibilidade de não compreendermos que não existe mais decisões unilaterais na economia mundial se a a gente não levar em conta as outras economias.” “Qualquer decisão que a Argentina tomar ou que o Brasil tomar terá efeitos imediatos nos países vizinhos.

Agora, imaginem potências econômicas como a União Europeia, os Estados Unidos, a China ou Índia tomando posições unilaterais sem levar em conta a repercussão no restante do mundo.” No final de sua intervenção, o presidente brasileiro fez um apelo de ajuda à África: “É extremamente importante que, sem condescendência, sem a política do favor que fizemos no século 20, que a gente tenha uma política de desenvolvimento para ajudar os países mais pobres do mundo”.