A bancada governista derrubou, nesta quarta-feira (10/11), a reunião da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara para impedir a votação de dois requerimentos do deputado federal Raul Jungmann (PPS-PE) que pedem a realização de audiência pública para discutir as quebras de sigilos fiscais de pessoas ligadas ao PSDB.

O parlamentar quer convocar o secretário de Receita Federal, Otacílio Cartaxo, e as funcionárias do órgão Antonia Aparecida Rodrigues dos Santos Neves e Adeilda Santos. “É impressionante o medo do governo em debater o assunto.

As manobras para impedir as convocações levantam ainda mais suspeitas sobre o caso”, disse Jungmann, ao criticar a atitude dos governistas de se retirarem da reunião, provocando seu encerramento por falta de quórum para deliberações.

Entre os alvos da quebra de sigilo está o ex-ministro e atual vice-presidente do PSDB Eduardo Jorge Caldas Pereira.

As duas funcionárias acusadas de acessarem ilegalmente os dados do tucano já respondem a processo administrativo na Receita e inquérito na Polícia Federal.

Para Jungmann, a Câmara não pode se omitir diante de crimes dessa natureza, que ameaçam o próprio Estado Democrático de Direito.

As informações colhidas durante a quebra ilegal dos sigilos teriam como destino um dossiê contra políticos tucanos.

O material só não foi usado na última campanha eleitoral porque a imprensa denunciou o caso. “Não podemos conviver com atos de poder arbitrários e intimidatórios como esse”, afirma Jungmann, que espera debater com mais profundidade os desdobramentos do caso.