Milton Júnior, do Contas Abertas De agosto a outubro, quando votações e debates no Congresso Nacional são próximos de zero, os senadores não dispensaram a cota para o exercício da atividade parlamentar, mais conhecida como verba indenizatória.
Durante o chamado “recesso branco” – que se encerra, de fato, hoje –, 67 senadores desembolsaram cerca R$ 1,5 milhão com consultorias, alimentação, locomoção, hospedagem, e combustível.
Durante este período, 33 senadores que se ausentaram para fazer campanha em seus estados apresentaram R$ 673 mil em notas fiscais pedindo ressarcimento por gastos supostamente relacionados à atividade legislativa.
O primeiro do ranking é o senador César Borges (PR-BA), que mesmo em campanha para garantir novamente uma vaga na Casa, entregou quase R$ 53 mil em notas fiscais pedindo ressarcimento ao Senado.
Grande parte dos gastos do parlamentar foi para o pagamento de “aluguel de imóveis para escritório político, compreendendo despesas concernentes a eles”.
A reportagem entrou em contato com o gabinete do parlamentar, mas não obteve explicações sobre as despesas até o fechamento da matéria.
Borges não foi reeleito nas eleições deste ano.
Já o senador Mário Couto (PSDB-PA) aparece na segunda posição entre os parlamentares que mais gastaram durante os meses de agosto, setembro e outubro.
Couto apresentou notas que somam R$ 52,1 mil durante o período.
De acordo com a assessoria do senador, “como ele passou os últimos três meses praticamente no escritório no Pará, a verba subiu, possivelmente, devido aos gastos com combustível”.
Os dois principais valores pagos (R$ 29 mil), no entanto, favorecem o escritório de advocacia Sabato Rosseti, considerado um dos mais experientes na área do direto eleitoral no estado do Pará.
A assessoria não soube explicar o motivo do gasto e o serviço prestado.
Também no topo da lista, em terceiro lugar, está o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE).
Nos últimos três meses, enquanto concorria ao cargo de governador pelo estado de Pernambuco, o parlamentar desembolsou R$ 46,8 mil. “Ao contrário do que se imagina, é preciso ponderar que, quando o senador não está em Brasília, ele gasta mais com telefone, combustível – porque lá o carro é particular ou alugado – e energia elétrica, por exemplo.
Todas essas despesas tendem a aumentar”, explica o assessor John Kennedy.
Kennedy alega que, em geral, senadores que não são ricos dependem da cota para dar continuidade nos trabalhos, como é o caso do senador Jarbas Vasconcelos.
Kennedy admite a dificuldade de desvencilhar a atividade legislativa do processo de candidatura, mas garante que o senador manteve durante o período somente as despesas mensais que não poderiam ser cortadas. “Os números mostram que houve um declínio nos gastos durante o período, embora as despesas sejam até maiores”, argumenta.