Por Adriano Oliveira Cientistas políticos não devem temer a construção de cenários.

Construir cenários é sugerir hipóteses a partir de informações advindas de diversas fontes.

Os cenários servem para orientar a ação dos atores, assim como posicioná-los diante dos seus objetivos.

Os cenários, quando bem construídos, possibilitam que os atores evitem erros ao agirem.

Cada cenário tem sua conjuntura.

Ou várias.

Isto significa que o cientista político considera a conjuntura política, econômica e social para construir cenários.

A conjuntura pode representar um presente ou um futuro.

Neste último caso, o previsor especula qual será a conjuntura.

Quando não é possível fazer isto, e nem construir cenários, o cientista político deve criar indagações, as quais serão respondidas com o passar do tempo.

Nas próximas eleições para prefeito do Recife, diversos atores exercerão o papel principal.

O governador Eduardo Campos, João Paulo, João da Costa e Humberto Costa terão grande importância.

Ressalto que, talvez, os interesses dos dois primeiros sejam ou são conflitantes.

Além disto, suponho que João Paulo dependerá das “forças populares” ou dos astros para conseguir construir a sua candidatura como candidato da situação.

O governador Eduardo Campos, diante da sua liderança em Pernambuco, desejará, certamente, influenciar fortemente na disputa municipal.

Sendo assim, ela terá duas alternativas: 1) Apoiar um candidato do PT; 2) (ou) Apoiar um candidato da sua confiança.

Caso João da Costa esteja bem avaliado, ele adquire as condições políticas para obter o apoio do governador e do PT.

Mas se não estiver?

Se não estiver, Humberto Costa pode ser o candidato de Eduardo.

Mas somente será, desconfio, se assumir o compromisso de não ser candidato ao governo em 2014.

Entretanto, diante da ausência de João da Costa na disputa, o PSB pode optar por apoiar um novo nome.

Qual seria?

Tenho dificuldade em imaginar!

Ao optar por um novo nome, o PSB pode abandonar o PT.

João Paulo, por sua vez, terá que torcer para que João da Costa não seja candidato.

Por consequência, ele poderá exigir que o PT o aceite como candidato.

Mas, internamente e externamente, João Paulo terá dificuldades.

Quais são as razões para que o grupo de Humberto apóie a candidatura do ex-prefeito do Recife?

João Paulo eleito prefeito pela terceira vez renova as suas forças para disputar o governo em 2014.

Com isto, o sonho de Humberto em ser governador será dificultado ou adiado.

E o governador Eduardo Campos apoiará João Paulo?

Desconfio que não.

O sucesso de João Paulo poderá impedir o sucesso eleitoral de Eduardo em 2014.

A não ser que João Paulo, e isto eu não acredito, se comprometa com Eduardo a não ser candidato a nada em 2014.

João Paulo tem duas alternativas.

Primeiro, ser candidato por outra legenda qualificada de esquerda – PC do B.

Ou se aliar com a oposição.

Mas qual oposição?

A oposição de Jarbas Vasconcelos.

Mas se isto ocorrer, o palanque da oposição continuará desarrumado.

Apesar de ser um candidato competitivo, e por isto uma noiva disputada, João Paulo poderá, caso não se articule, ser mais um ex-prefeito.

Na próxima semana abordarei os candidatos da oposição.

PS: Adriano Oliveira é cientista político, doutor, professor adjunto do departamento de Ciência Política (UFPE) e coordenador do Núcleo de Estudos de Estratégias e Política Eleitoral (UFPE)