Cecília Ramos, do Jornal do Commercio Assim que retornar das férias, que começaram hoje e terminam no próximo dia 18, o governador reeleito e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, tem agendado um encontro com o presidente Luiz Inácio lula da Silva, em Brasília.

A reunião deve ocorrer no próximo dia 19, uma sexta-feira.

Em pauta, “tudo”, segundo resumiu o chefe do Executivo estadual, ontem, após participar da abertura da 69ª Exposição de Animais, no Parque do Cordeiro.

A pauta vai da nova composição ministerial à tentativa de reeditar a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF).

Principal articulador na defesa da criação de um tributo para auxiliar o governo com os gastos na área da saúde, Eduardo disse “não temer” esse debate, nem tão pouco perder popularidade por encabeçá-lo.

Ao contrário.

Apesar da má repercussão da proposta, já incorporou o tema ao seu discurso, mas ainda sem citar a sigla CPMF.

Ontem, falando para a platéia que foi à abertura da exposição, defendeu um pacto pela saúde pública e cobrou de governistas e oposicionistas a discussão do assunto, “sem demagogia”. “Quem criticar que o governo federal tem que cortar gastos, deve apontar, tecnicamente, onde e como isso pode ser feito”, sugeriu, com um toque de ironia. “Não venham com frases soltas porque isso não é proposta séria”, completou.

O governador também jogou em pauta, ao discursar, o Imposto de Renda (IR).

Segundo ele, os R$ 12 bilhões que a Receita Federal dispensa para compensar o imposto pago pela “classe média que tem seguro de saúde privado poderia estar indo para o SUS”. “É justo?

Se é justo vamos deixar como está”, soltou, acrescentando que “poucos sabem disso”.

DADOS A defesa de Eduardo sobre o Sistema Único de Saúde (SUS) sustenta-se no dado de que 90% da população de Pernambuco, hoje, depende do serviço de saúde pública.

Antes do discurso, o governador já havia mencionado a comparação (IR e SUS), em entrevista à imprensa, mas negou que seria uma proposta. “Essa discussão da saúde pública talvez não tenha a aderência (positiva) porque a saúde pública atinge só os pobres.

Os ricos e a classe média têm o seguro saúde.” O governador também criticou a “mídia brasileira, que gosta de mostrar a situação dos hospitais”. “Mas qual é a solução?”, indagou.

Ele defende que esse debate, mesmo impopular, deve ser feito, já que na eleição, predominaram, sobretudo no segundo turno da disputa presidencial, “questões equivocadas”. “Se discutiu aborto, religião, problemas pessoais, e não se discutiu financiamento da saúde pública.

Então tem que fazer agora”, afirmou o governador.

Eduardo informou que a presidente eleita, Dilma Rousseff, está “disposta a encarar” o desafio e levar o debate adiante.