Por Luciano Freitas Em verdade vos digo, brasileiras e brasileiros, elegemos no dia 31 de outubro a 1ª presidenta do Brasil, a Senhora Dilma Rousseff.
Faz diferença , no plano do discurso, afirmar o morfema “a” em presidenta, ao invés de considerar que elegemos a 1ª presidente do Brasil.
O discurso por natureza é ideológico, e assim o sendo é concatenado com a história e a cultura. À medida que problematizamos o discurso, nos comprometemos com os sentidos e o caráter político.
O discurso é um potencial mediador daquilo que permanece, da continuidade, por outro lado ele também é mediador daquilo que se move e do que se transforma.
Numa perspectiva dialética, nós fazemos a língua, assim como a língua nos faz.
Logo, a Língua Portuguesa dos brasileiros, de seu povo, jornalistas e parlamentares, deve considerar e afirmar o que a história lhes trouxe, uma mulher na presidência da República Federativa do Brasil .
Somado a isso, informamos que a nossa ortografia e os nossos principais dicionários já apontam o uso de Presidenta enquanto correspondente feminino de Presidente. É fato, é concreto, é de direito.
O Brasil elegeu a presidenta, assim como já elegeu Governadoras, Deputadas, Senadoras e Prefeitas.
Disputemos poderes, verdades e saberes.
Comecemos pela nossa Língua e seu registro oral e escrito.
A superação de preconceitos se inscreve na história e um dos melhores meios é a memória discursiva.
Infelizmente o mundo e o nosso país ainda não viu uma Papisa e uma episcopisa , por exemplo.
Quem sabe no futuro os Católicos elejam uma mulher Papa, Papisa , e garantam episcopisas no Brasil inteiro, por sinal os evangélicos já superaram na ordem sociocultural e discursiva essa realidade e já elegem suas “Bispas”.
Um terreno androcêntrico a se disputar na área dos Católicos.
A linguagem talvez garanta, caso a história e a cultura nos tragam essas conquistas.
O que sabemos, no Brasil, a partir de 31 de outubro de 2010, é que elegemos uma presidenta e assim escrevamos e falemos, nos inscrevendo na história.
PS: Luciano Freitas é vice-presidente da ONG Leões do Norte e mestre em Educação pela UFPE