Jorge Cavalcanti, do Jornal do Commercio Para fazer frente ao total domínio governista na mesa diretora da Assembleia Legislativa para o próximo biênio, a oposição ao governador Eduardo Campos (PSB) articula a criação de um bloco partidário, com três legendas, para assegurar uma das sete cadeiras do colegiado.
Encabeçado pelo vereador do Recife e deputado estadual eleito Gustavo Negromonte (PMDB), o bloco seria formado ainda pelos dois parlamentares do DEM a partir de fevereiro de 2011, Maviael Cavalcanti e Tony Gel, e pelo único a se eleger pelo PMN, o ex-vereador do Recife Severino Ramos.
Caso a iniciativa tenha êxito, eles vão querer indicar um dos quatro do grupo para a 4ª secretaria, alegando a tese da proporcionalidade.
Nos bastidores, os governistas ventilam o nome do deputado Eriberto Medeiros, presidente do PTC no Estado, partido que terá três cadeiras na próxima legislatura. “O processo de discussão da mesa está muito avançado.
A eleição só será no início de fevereiro.
Já vi muitas vezes a composição mudar às vésperas da eleição”, disse Maviael, censurando a antecipação da discussão sobre quem será indicado para as sete vagas.
Na última quarta-feira, num almoço com 12 dos 13 deputados que elegeu, o PSB fechou apoio à recondução aos cargos do presidente da Casa, Guilherme Uchoa (PDT), e do primeiro-secretário, João Fernando Coutinho (PSB).
Com a decisão, o partido, dono da maior bancada, quis assegurar os aliados nas funções como recompensa pelo apoio ao governador e evitar bate-chapa entre integrantes da base aliada.
Um dos mais antigos no Parlamento estadual, Maviael recorreu ao regimento interno da Assembleia para assegurar que a oposição terá ao menos uma das sete cadeiras, mesmo diante da ampla superioridade numérica da bancada do governo. “O próprio governador disse que a tese da proporcionalidade deve ser respeitada quando o nome de Aécio Neves (PSDB-MG) foi sugerido para a Presidência do Senado.
Por que, então, aqui (Assembleia) seria desrespeitado, se o regimento diz que os partidos podem atuar em bloco?”, indagou o deputado.
OUTRO CENÁRIO Segundo Maviael, quem está à frente da costura do bloco é Gustavo, filho do ex-deputado João Negromonte (falecido). “Gustavo me procurou e disse que também iria procurar Tony Gel.
Eu aceitei.
Achei uma boa ideia (a formação do bloco)”, contou.
O JC tentou contato com o peemedebista, mas não teve êxito.
O DEM vive hoje na Casa uma situação bem diferente de há quatro anos, quando Mendonça Filho (DEM) estava no governo e preparava-se para concorrer à reeleição.
O partido chegou a ter a maior bancada, com dez deputados.
No próximo ano, serão apenas dois.
Caso a ideia da formação do bloco se mostre inviável, será a primeira vez que o DEM não terá ninguém na mesa. “Nunca o partido ficou fora da mesa”, disse Maviael, com a vivência de quem vai para o oitavo mandato na Casa.
No esboço governista, o PTB deve ficar com a 1ª vice-presidência e o PSDB com a 2ª vice.
Nas segunda, terceira e quarta secretarias, articulam o PT, PR e PTC, respectivamente.