Da Folha de São Paulo O Ministério Público Federal apresentou à Justiça uma ação em que acusa um militar de ter torturado a presidente eleita Dilma Rousseff (PT) e outras vítimas durante o período da ditadura militar.
Na acusação formal, que também pede a punição de outros três militares, a Procuradoria reproduz um depoimento prestado por Dilma à Auditoria Militar em 1970.
No testemunho, ela aponta Maurício Lopes Lima como um dos torturadores da Operação Bandeirante, criada em 1969 para reprimir opositores do regime.
Porém, ano passado, Dilma afirmou que Lima presenciou as torturas, mas não realizou pessoalmente nenhuma agressão contra ela.
No depoimento de 1970, usado pelo Ministério Público, a ex-ministra disse à auditoria: “na semana passada, dois elementos da equipe chefiada pelo capitão Maurício compareceram ao presídio Tiradentes e ameaçaram a interroganda de novas sevícias, ocasião em que perguntou-lhes se estavam autorizados pelo Poder Judiciário e recebeu como resposta o seguinte: “Você vai ver o que é o juiz lá na OB [Operação Bandeirante]’; (…) que ainda reafirma que mesmo no DOPS foi seviciada”.
A Operação Bandeirantes prendeu Dilma, que era militante de esquerda, em janeiro de 1970.
De fevereiro a maio daquele ano ela ficou no Dops (Departamento de Ordem Política e Social).
Em carta para uma comissão que analisou pedidos de indenização para vítimas da ditadura, Dilma relatou: “em ambas as instituições, ou seja no Dops-SP, como na Operação Bandeirante, fui barbaramente torturada”.
Na ação, além de Lima são acusados os militares reformados das Forças Armadas Homero Cesar Machado, Innocencio Fabricio de Mattos Beltrão e o capitão reformado da Polícia Militar de São Paulo, João Thomaz.
Segundo a acusação, os militares foram responsáveis pelo assassinato de seis pessoas e pela prática de tortura contra outras 20 vítimas no período entre 1969 e 1970.
Lima afirmou que Dilma disse em entrevista não ter sido torturada por ele pessoalmente.
Segundo ele, as acusações são infundadas.
Beltrão disse que só vai se manifestar após ler a acusação da Procuradoria.