Da Agência Estado CHICAGO - O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, se tornou a mais recente autoridade do Brasil a criticar o movimento do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) para estimular a economia norte-americana por meio da compra de bônus do mercado.

O movimento tem “consequências negativas para outros países, que é o caso do Brasil”, disse Meirelles a jornalistas depois de um discurso na University of Chicago Booth School of Business. “O afrouxamento quantitativo cria excessiva liquidez que transborda para países como o Brasil e, então, nós temos de tomar medidas para solucionar essa questão”, afirmou. “Isso cria um problema.” Meirelles confirmou que o Brasil, na reunião do G-20 - grupo das 20 maiores economias do mundo - na próxima semana, em Seul, vai apresentar propostas “a vários países, os EUA e a China e outros, para alcançar um acordo diferente, para não gerar tantas distorções para países como o Brasil”.

Ele não ofereceu detalhes sobre as propostas. “O Fed está fazendo o que o Fed acha que é certo para os Estados Unidos.

Ponto final”, disse.

Os comentários vieram depois que o ministro da Economia do Brasil, Guido Mantega, falando em Brasília na quinta-feira, classificou a decisão do Fed de “resultado duvidoso”.

Mantega disse que boa parte dos recursos despejados no mercado pelo Fed vai fluir para mercados emergentes, como o Brasil, na forma de fluxos de investimento de curto prazo não desejados.

O governo do Brasil tem se esforçado para reduzir os fluxos de entrada de capital de curto prazo, que levaram a uma forte valorização do real diante do dólar.

O real ganhou mais de 30% ante a moeda norte-americana desde março de 2009.

O real forte prejudica as exportações brasileiras.