Do Jornal do Commercio Pernambuco tem 8.541.250 habitantes, 622.906 a mais que em 2000, conforme dados parciais do Censo 2010, divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para análise pelas prefeituras.
Embora provisórios – há pessoas ainda não entrevistadas e informações sendo revisadas – os números apontam para um crescimento abaixo da média nacional e mais distribuído entre as regiões do Estado na última década.
Em vez da capital, agora são cidades do Agreste, com suas oportunidades de emprego no polo das confecções, que ganham mais moradores.
O mesmo ocorre em extremos da área metropolitana, como no entorno de grandes empreendimentos, como refinaria de petróleo e estaleiro no Litoral Sul, e em diferentes municípios do Sertão.
Há surpresas como queda da população em Olinda – menos 9.937 moradores – e aumento de 6.137 moradores em Itamaracá. “Podemos constatar, com base nesses dados provisórios, que a população do Estado cresceu 0,76% ao ano, menos que no Nordeste e no País, onde houve aumento de 0,83% e 0,9%, respectivamente.
Mas o cenário é positivo.
O crescimento mais distribuído indica diminuição da pressão na RMR e podemos supor que as pessoas estão conseguindo oportunidades na sua região de origem”, avalia o diretor de estudos e pesquisas socioeconômicas da Agência Estadual Condepe-Fidem, economista Rodolfo Guimarães.
Para ele, a distribuição dos habitantes pode refletir também o esforço de desconcentração das recentes políticas nacional e do Estado em benefício de regiões mais pobres.
Ressalta, no entanto, que só os dados finais e completos do Censo 2010 vão ajudar a definir o quadro de mudanças processadas nos últimos dez anos.
A relação divulgada agora é restrita ao total da população, não faz referência à migração, natalidade, mortalidade e outros elementos que possam esclarecer melhor crescimento, queda e mobilidade dos habitantes.
O IBGE se nega a interpretar os dados, por enquanto.
Só fará considerações no próximo dia 29, quando a contagem populacional estará fechada e revisada.
Rodolfo Guimarães construiu taxas de crescimento a partir dos dados provisórios e descobriu que Toritama, a terra do jeans, superou todos os outros 183 municípios e o distrito de Fernando de Noronha, em Pernambuco.
Por ano a população da cidade aumentou 4,8% e alcançou 59% de crescimento na década toda.
De 21.800 habitantes em 2000, chegou a 34.825 este ano.
O prefeito Flávio de Souza Lima (DEM) está na lista de 13.025 novos moradores.
Nascido na cidade, passou 13 anos em Santa Cruz do Capibaribe, mas voltou ao município há quatro anos, tornando-se prefeito há menos de dois. “Já sabia que nossa população era muito maior, mas o dado é surpreendente, impressionante”, avaliou.
A alta produção de roupas atrai mão de obra até da Paraíba. “Gera emprego num raio de 120 quilômetros”, diz.
O problema, segundo ele, é que essa produção toda não se reverte em receita para cuidar da infraestrutura necessária a antigos e novos moradores. “Parte de nossa economia é informal.
Estou buscando parceria com o Estado e com o governo federal.
Um dos nossos maiores problemas é o saneamento”, diz.
Embalada pela produção e comércio de roupas, a vizinha Santa Cruz do Capibaribe também se mantém em crescimento. “A cidade chega ao 14º lugar, no Estado, em população.
Tornou-se mais populosa que Serra Talhada (Sertão)”, compara o diretor de estudos da Agência Condepe-Fidem.
Cresceu 3,4% ao ano e chegou a 2010 com 82.649 moradores, quase 24 mil novos moradores na década.
Caruaru, o grande polo econômico da região, mantém-se como o quarto de maior população do Estado, com 306.788 habitantes, 53 mil a mais que há dez anos.
No Sertão, Petrolina continua com crescimento anual acima de 2%.
E chama a atenção a multiplicação de moradores em cidades menores como Inajá, Manari, que já teve o pior Índice de Desenvolvimento Humano do Brasil, e Tacaratu. “Talvez tenha relação com as obras de transposição do Rio São Francisco ou com programas sociais”, admite Rodolfo Guimarães.
A moradia atrelada ao emprego também pode justificar o crescimento em Ipojuca e Cabo, no Sul do Grande Recife, em 2,59% e 1,64% ao ano, enquanto a capital teve aumento populacional de 0,34%.
Recife ganhou quase 50 mil moradores, enquanto as outras duas atraíram juntas mais de 40 mil na década. “As obras estruturadoras em Suape, como a Refinaria Abreu e Lima e o Estaleiro Atlântico Sul têm atraído moradores em razão de empregos diretos e indiretos”, avalia o secretário de Desenvolvimento Econômico do Cabo, Alex Gomes.
A cidade enfrenta déficit habitacional e, embora a mudança seja desejada, há necessidade de melhorar a infraestrutura urbana e uma preocupação com resíduos gerados pela indústria e os moradores. “Por isso, é importante o Conselho de Desenvolvimento dos Municípios do Território Estratégico de Suape, que acabamos de criar.” De acordo com estimativa da Agência Estadual Condepe-Fidem, existe um déficit habitacional de 35 mil residências nas duas cidades, Jaboatão dos Guararapes, Moreno (RMR) e Escada (Mata Sul).
Alugar casa está difícil em Ipojuca. “O aluguel subiu muito, não tem imóvel por menos de R$ 250 por mês”, observa a dona de casa Riselda Severina da Silva, 51.
Ipojuca viu saltar a população de 59.281 para 76.517 nos últimos dez anos.
São 29% de crescimento.
No bairro Campo do Avião, próximo do Centro, não há rua que não tenha acabado de receber um caminhão de mudança.
Faz três meses que o pedreiro Roberto Teodósio, 24 anos, desembarcou, vindo de Catolé do Rocha, interior da Paraíba, com mulher e filha.