Por Isaltino Nascimento Mais uma vez o eleitorado brasileiro quebra paradigmas.

Depois de chancelar dois mandatos presidenciais para Luís Inácio Lula da Silva, um operário nordestino sem diploma universitário que realizou um governo exitoso e tem aprovação da maioria da população, o país referenda, pela primeira vez em nossa história, a chegada de uma mulher à Presidência da República.

A vitória de Dilma Rousseff, com mais de 55 milhões de votos no último domingo, 31 de outubro, é carregada de significados.

E de perspectivas, principalmente para as brasileiras.

Apesar da igualdade de oportunidades entre homens e mulheres ser um dos princípios essenciais da democracia, a população feminina do nosso país ainda enfrenta uma série de obstáculos em função do gênero.

Há quem as considere menos capazes, o que se reflete numa discrepância nos salários de homens e mulheres, com a balança pendendo sempre em favor do sexo masculino.

O exemplo de Dilma tem tudo para ajudar a quebrar esse preconceito, que ainda emperra e dificulta a vida de tantas brasileiras.

Primeiro pela sua trajetória de vida.

Dilma destacou-se na graduação pela inteligência entre os alunos de Economia, numa época em que poucas mulheres ousavam tentar uma vaga no curso.

Lutou contra a ditadura militar, resistindo a três anos de prisão e tortura por acreditar e defender a democracia e o direito de livre expressão.

Nos postos que ocupou, seja na Prefeitura ou no governo de Porto Alegre, e posteriormente nos Ministérios das Minas e Energia e na Casa Civil do governo Lula, chamou atenção pela capacidade técnica, firmeza de opinião e poder resolutivo.

Ao conquistar a chance de ocupar o mais alto cargo da República, Dilma indica que esse feito inédito pode vir a se transformar num evento natural.

E que a ocupação de postos-chaves pelas mulheres pode se repetir e se ampliar nas empresas, nas instituições e nas entidades representativas de toda a sociedade civil.

Em seu primeiro discurso após a oficialização da vitória nas urnas, a presidente eleita deixou claro que vai trabalhar para abrir maior espaço para as mulheres na sociedade, ressaltando que também é preciso alimentar a auto-estima das mulheres no seio familiar.

E enfatizou: “Eu gostaria muito que os pais e as mães das meninas pudessem olhar hoje nos olhos delas e dizer: Sim, a mulher pode”.

Esse foi um dos recados mais expressivos de Dilma.

E que certamente precisa ser comungado por toda sociedade brasileira: ‘Sim, a mulher pode’.

Isaltino Nascimento (www.isaltinopt.com.br / www.twitter.com/isaltinopt), deputado estadual pelo PT e líder do governo na Assembleia Legislativa, escreve para o Blog todas às terças-feiras.