Por Sérgio Montenegro Filho, em seu blog Continuidade é a palavra que deve nortear o futuro governo Dilma Rousseff (PT).
Eleita sob as bençãos - e esforços - do presidente Lula, agora cabe exclusivamente a ela, a partir de janeiro, cumprir os compromissos assumidos em seu nome pelo padrinho político nos palanques e fora deles.
E isso inclui, sobremaneira, o Nordeste.
Não foi a toa que Lula rearrumou a geografia política do País, migrando para cá o PT que até então estava acostumado aos redutos operários do ABC paulista e dos Estados do Sul.
Desbancou, com isso, os coronéis da indústria da miséria que trocavam votos por dentaduras e sapatos e implantou aqui uma política assistencial que, se não é a melhor de todas - e não é mesmo - serviu ao menos para garantir uma das suas promessas de campanha: três refeições diárias para quem às vezes não tinha nem uma.
Agora, porém, virão as cobranças.
Dilma ouviu e aprovou os compromissos assumidos por Lula em seu nome.
Terá que zelar por um Nordeste que acreditou nela e lhe garantiu total hegemonia.
Foram 78% dos votos no Maranhão, 77% no Ceará e 76% em Pernambuco, só para citar os principais.
Mas ela venceu nos nove Estados.
Está claro que Dilma não é Lula, e e que é praticamente impossível igualar os índices de popularidade do padrinho.
Mas se quiser assegurar um mínimo de aprovação ao seu governo, é aconselhável conquistar a simpatia de quem nela apostou suas fichas.
Afinal, nunca na história deste país o sofrido Nordeste brasileiro recebeu tanta atenção por parte do governo central como nos últimos oito anos.
Fica difícil até mesmo à oposição negar isso. É tanto que a região terminou se revelando, reconhecidamente, um calcanhar de aquiles da campanha do candidato derrotado José Serra (PSDB).
O povo nordestino jogou alto na eleição da “candidata de Lula”.
E vai cobrar.
As obras - independente do discurso de campanha dos tucanos - estão em andamento.
Se estão no prazo, é outra discussão, mas o fato é que deixá-las de lado, depois de tantas promessas, já não é uma alternativa.
A presidente Dilma Rousseff forçosamente vai ter que olhar do Planalto Central na direção do Nordeste, no mesmo ângulo que lhe ensinou seu padrinho político. É claro que ela terá outros 19 Estados para atender.
Não se trata de renegá-los.
Mas se ela preza pela continuidade que tanto defendeu na campanha, espera-se que mantenha a atenção especial à nossa região.