Inês Calado, do JC Online Mais um radialista acusa o prefeito de Carpina, Manoel Botafogo (PSDB), de ameaças e agressões.
André Luiz Moura Miranda, de 48 anos, locutor da rádio comunitária Alternativa FM, afirma que o tucano, que apoia o governador Eduardo Campos (PSB), o agrediu com cotoveladas e empurrões durante um protesto na BR-408, em Bairro Novo, Jardim Neópolis, no último dia 22.
Segundo o comunicador, o prefeito se recusou a dar entrevista à rádio que chama de “casa de farinha”.
André também acusa o segurança de Botafogo, Marcone Faustino de Oliveira, e o chefe da guarda municipal, Marcelo José da Silva.
Em 2008, o prefeito de Carpina, município pernambucano da Mata Norte, foi acusado de tentativa de homicídio pelo radialista Dênis Araújo, da Rádio 106-FM.
De acordo com o comunicador, ele tentou lhe golpear pelas costas, com uma foice, durante uma manifestação de sem-teto em frente à prefeitura.
Em julho de 2005, o radialista e vereador José Cândido Amorim, o Jota Cândido, foi assassinado com cerca de 20 tiros.
Ele foi morto quando chegava à Rádio Alternativa, onde trabalhava.
Em 22 de maio do mesmo ano, ele havia denunciado um atentado e chegou a responsabilizar pessoas ligadas à Prefeitura de Carpina.
André Luiz, que trabalha na mesma rádio onde Jota Cândido atuava, diz que está com medo. “Quem não reza a cartilha do prefeito, corre o risco de ser assassinado”, denuncia o radialista que é casado e tem quatro filhas.
O locutor da Rádio Alternativa revelou que no sábado (23), um dia após o incidente com o prefeito, ligou para o governador Eduardo Campos. “Não esperava que atendesse, mas ele atendeu.
O governador me disse que iria investigar e me incentivou a prestar queixa na delegacia”, afirmou André.
De fato, o radialista só registrou Boletim de Ocorrência (BO) no sábado.
André também disse que recebeu ligação do diretor geral de Operações da Polícia Civil, Osvaldo Morais.
O governador confirmou a ligação e disse que repassou o assunto para o secretário Wilson Damázio, da Secretaria de Defesa Social, e Diretoria da Polícia Civil.
Ao ligar para André, Osvaldo Morais explicou que não é papel da polícia investigar Botafogo, que por ser prefeito possui foro privilegiado. “A ocorrência será encaminhada ao Tribunal de Justiça de Pernambuco.
A delegacia do município irá apurar as denúncias contra o segurança e chefe da guarda municipal.
Intervi apenas no sentido de orientá-lo, garantindo que tudo será apurado.
Vamos dar toda assistência para que ele possa exercer sua profissão”, afirmou o diretor.
O delegado de Carpina, Marcos Roberto, que está à frente do caso, confirmou que o radialista prestou queixa contra Marcone Faustino de Oliveira e Marcelo José da Silva no último sábado.
No entanto, André Luiz se recusou a fazer exame de corpo de delito por não apresentar hematomas ou escoriações. “Neste caso, abrimos apenas um TCO (Termo Circunstanciado de Ocorrência) por ameaça e lesão corporal leve”.
Nesta quarta-feira (27), o segurança Marcone e o chefe da guarda municipal, José da Silva, também prestaram queixa na delegacia contra o radialista André por difamação. “Eles disseram que o comunicador, durante o protesto, insistiu em entrevistar o prefeito, que se recusou em falar.
Quando eles o afastaram, o radialista teria os chamado de baba ovo”, afirmou o delegado.
Sobre a segurança do locutor da Alternativa FM, Marcos Roberto afirmou que este pedido deve ser feito diretamente à Secretaria de Defesa Social (SDS) de Pernambuco. “Jota Cândido também pediu segurança e não adiantou nada.
Quando eles querem matar, matam.
Continuo trabalhando na rádio, mas temo pela minha vida”, desabafou André.
O prefeito Manoel Botafogo foi procurado pela reportagem mas até a publicação da matéria não havia se pronunciado.
O CASO JOTA CÂNDIDO - Cinco anos após a morte do vereador Jota Cândido, os militares Edilson Soares Rodrigues, Tairone César da Silva Pereira e André Luiz de Carvalho, além do motorista Jorge José da Silva, acusados de matar o radialista, ainda não foram julgados.
A promotora de Carpina, Rosângela Furtado, afirmou que está pedindo o desaforamento do caso para outra cidade, provavelmente Recife.
Ela alega pressão sofrida pelos jurados, na maioria funcionários públicos.
Os quatro acusados chegaram a ser presos, mas foram soltos a pedido do Supremo Tribunal de Justiça.
A promotora de Carpina, Rosângela Furtado, afirmou que está pedindo o desaforamento do caso para outra cidade, provavelmente Recife.
Ela alega pressão sofrida pelos jurados, na maioria funcionários públicos.
Os quatro acusados chegaram a ser presos, mas foram soltos a pedido do Supremo Tribunal de Justiça.
A promotora revelou que, paralelamente, outras pessoas estão sendo investigadas.
Os quatro homens seriam apenas os executores do crime e não os mandantes. “Eles receberam dinheiro para matar o radialista.
Este foi um crime de encomenda, mas não posso antecipar detalhes pela gravidade do caso”, disse Rosângela.
Jota Cândido foi morto em frente à Rádio Alternativa FM de Carpina onde apresentava, há 19 anos, o programa O Povo quer Saber.
Jota denunciava o nepotismo na prefeitura, problemas administrativos e casos policiais.
Ele apresentou um projeto proibindo a contratação de parente em até 3º grau pelos Executivo e Legislativo.
O projeto foi vetado por Manoel Botafogo.