O grande interesse da Universal em Pernambuco, pelo que se desenha deste amor todo, é emplacar Vilalba de Jesus na Câmara.

Ele é o primeiro suplente da Frente Popular.

Basta Eduardo chamar um dos eleitos para o governo, que Vilalba assume.

Por Ayrton Maciel, no JC Um dia depois de bispos, pastores e reverendos das igrejas Batista, Episcopal Carismática, Presbiteriana e outras denominações lançarem carta de apoio a José Serra (PSDB) com críticas duras a Dilma Rousseff e ao PT, o governador Eduardo Campos (PSB) e o coordenador da campanha governista e deputado federal eleito, João Paulo (PT), receberam, ontem de manhã, o apoio da Igreja Universal do Reino de Deus à presidenciável petista, em reunião no Hotel Recife Plaza, no Pina.

Confessando-se “muito triste” com a carta, Eduardo criticou colocações feitas por dirigentes evangélicos contra Dilma, condenou o uso da religião na política e disse que a abordagem dos evangélicos de Serra “não é coisa de quem tem fé em Deus”, nem liberdade religiosa. “Falaram mal de nossa candidata, inclusive de sua saúde.

Nós temos que fazer é o debate das ideias.

Não vamos dividir o Brasil por conta de religião”, apelou Eduardo, censurando encaminhamento político dado pelos serristas.

O governador foi recebido pelo pastor da Universal e primeiro suplente a deputado federal da Frente Popular, Vilalba de Jesus, e pelo bispo e candidato a estadual não-eleito, Ossésio Silva, e sentou à mesa com pastores e o ex-prefeito do Recife, João Paulo, diante de cerca de 200 fiéis.

Após o evento, o pastor Vilalba afirmou à imprensa que a posição da Universal “não significa uma divisão entre os evangélicos”, mas uma liberdade de escolha.

Numa crítica também às igrejas que declararam apoio a Serra, definiu a carta divulgada como “agressiva e precipitada”.

Vilalba revelou, ainda, que os pastores da Universal vão aproveitar a última semana antes da eleição para intensificar o trabalho por Dilma nos cultos e reuniões. “Vamos repassar a mensagem do governador.

Nossa igreja não agride a ninguém, não agride a José Serra.

Optamos por Dilma porque é a continuidade do governo Lula.

Não olhamos para as pessoas, mas para a gestão ”, ressaltou.

Encontro convocado pela Igreja Universal, Vilalba agradeceu e anunciou, porém, a presença no salão de membros de outros segmentos evangélicos (Batista, Quadrangular, Casa da Bênção, Ministério Mato Grosso), mas ninguém se apresentou nem foi chamado à mesa como representante. “Somos mais de 100 mil seguidores no Estado”, assinalou o pastor e primeiro suplente, que pode assumir uma vaga na Câmara dos Deputados.

Basta Eduardo chamar um dos eleitos pela Frente para compor o próximo governo. “Vamos primeiro pensar na eleição de Dilma. É a prioridade.

Depois, pensamos nisso”, ponderou.

Depois de se consagrar com a maior vitória proporcional a governador no País, derrotando o seu maior adversário, Jarbas Vasconcelos (PMDB), no primeiro turno, Eduardo luta agora obstinadamente para dar a Dilma Rousseff a maior vitória proporcional entre os Estados.

Ao discursar para os evangélicos, o socialista repetiu uma mensagem de um eleitor na vitória de 3 de outubro: “Pernambuco não vai lhe dar com uma mão uma vitória tão bonita e lhe tirar com a outra não elegendo Dilma”.

Eduardo comparou os governos Lula e FHC em investimentos e na relação com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e destacou que Lula trouxe a refinaria e o estaleiro e está fazendo a transposição do São Francisco e a Transnordestina. “Eles derrubaram a inflação, nós estamos quebrando a desigualdade.

Antes, tinha um vice-presidente (Marco Maciel) que sabia do projeto da refinaria, e o que fez?

O debate é de projetos.

Não estamos agredindo.

O que é preciso é discutir Pernambuco e o Brasil.

O que é melhor para Pernambuco?

Não vamos interromper isso, vamos seguir em frente”, conclamou Eduardo.

O coordenador da campanha de Dilma, João Paulo, por sua vez, relatou a sua origem cristão e católica antes de abordar os tabus que estão polemizando a disputa Dilma versus Serra, e pediu que os evangélicos propaguem a defesa de Dilma contra as agressões e a boataria. “O cristianismo é que é a essência, independentemente da opção sexual e política.

O governo Lula tirou 28 milhões da miséria e gerou 14 milhões de empregos.

Não se pode destruir isso com calúnias e mentiras.

Tentam colocar questões como fé e aborto no centro do debate.

Conheço Dilma há muito tempo, sei que ela é pela vida.

A atuação de vocês é fundamental para reverter isso”, pediu João Paulo.

Antes de seguir para carreata em Petrolina, Eduardo Campos confirmou a presença de Dilma Rousseff, na próxima terça-feira (260, para carreata em Caruaru.

A petista virá de Fortaleza e depois seguirá a Salvador, onde participara do debate do SBT Nordeste com José Serra.

O presidente Lula chegará na quinta para uma agenda política, o encerramento da campanha de Dilma no Recife, mas terá agenda administrativa se ficar para o dia seguinte.