Da Folha de São Paulo Escuta da Polícia Federal aponta que o diretor de Planejamento e Engenharia da Eletrobras, Valter Cardeal, atuou contra investigação da CGU (Controladoria-Geral da União) na estatal elétrica.
Procurado, ele afirmou que a CGU reviu a suspeita de irregularidade no programa Luz para Todos, mas negou que isso tenha ocorrido por interferência dele.
A escuta telefônica captou uma conversa entre Cardeal e o ex-ministro de Minas e Energia Silas Rondeau (2005 a 2007).
Na época, a PF apurava suposto tráfico de influência no setor elétrico e, por isso, grampeou o celular de Rondeau.
O ex-ministro também foi denunciado ao STJ, acusado dos mesmos crimes.
Para a Procuradoria, Cardeal e o ex-ministro autorizaram mudanças em contrato da Cepisa (companhia energética do Piauí) com a Eletrobrás para execução do Luz para Todos.
ESCUTAS Nas conversas gravadas pela PF, Rondeau diz que o relatório da CGU –a base da denúncia ao STJ– “era uma maluquice, que trocou os pés pelas mãos”.
O ex-ministro afirmava também tratar de sua defesa na Justiça direto com Cardeal, na Eletrobras.
Na conversa com o diretor em setembro de 2008, o assunto da CGU voltou à tona. “Já foi encaminhada para o TCU [Tribunal de Contas da União] aquela prestação de contas?”, pergunta o ex-ministro a Cardeal. “A CGU do Piauí fez um relatório.
E o Édison Freitas [membro do conselho fiscal da Eletrobras] (…) fez um outro relatório em cima do relatório da CGU e mandou para a Eletrobras. (…).
Ele [FREITAS]emite duas notas técnicas nos acusando, né, e já mandando tomar medidas”, afirma Cardeal.
Silas reage: “Filho da puta”. “Os caras, que nós deixamos lá, concordaram que tinha irregularidade dentro da Eletrobras.
Mas eu mandei um pau naquele japonês.
E no Édison Freitas, também detonei”, diz Cardeal.
Em outra parte do diálogo, o diretor afirma que o relatório será entregue pelo então ministro de Minas e Energia Edison Lobão (PMDB) ao ministro da CGU, Jorge Hage.
Logo depois, o diretor afirma já ter procurado Ramos, que, segundo a PF, é Antônio Carlos Ramos, então assessor de Lobão. “A sorte que falei com Ramos ontem.
E o Ramos está por dentro disso”, afirmou Cardeal.