Por Marcia Bastos Balazeiro O segundo turno de votação nestas eleições reflete a antiga lógica que empobrece o debate político.
Estamos assistindo a uma agressividade latente no confronto pelo poder, ao invés da exposição clara de programas de governo e projetos políticos, capazes de permitir ao eleitor o exercício de seu direito de escolha, fundado em uma opção ideológica e programática.
Nesse momento, tanto a candidata Dilma Rousseff, do PT, quanto o candidato José Serra, do PSDB, se esforçam em “garimpar” os votos dos “verdes”, dos católicos, evangélicos e religiosos de todas as crenças, se esmerando em dizer aquilo que cada uma destas parcelas de eleitores parece querer ouvir, mesmo que isso colida, em verdade, com os projetos originalmente defendidos por seus partidos e legendas.
O discurso reducionista dos candidatos se restringe a estatísticas e acusações que visam desconstruir a imagem de seu adversário e conquistar votos a todo custo.
Essa atividade política destrutiva é característica de um sistema que tem ignorado os verdadeiros anseios e preocupações da sociedade.
Não se afigura mais admissível um embate virulento e fisiologista, impregnado de acusações, mas sim um debate de idéias em torno das propostas para o país. É lógico que no debate, devem vir à tona as diferenças ideológicas, as discordâncias e até mesmo as críticas.
No entanto, devem ser evitados os simples ataques de um candidato em face de outro, com fundo em boatos desvirtuados do foco de idéias.
Nesse cenário, é à imprensa que cabe um importe papel de informar os maus feitos, os escândalos de corrupção, os mensalões, as fraudes em licitações e obras públicas.
Nós, eleitores, por seu turno, devemos lutar pelo projeto político no qual acreditamos, deixando de ser simples torcida em prol de um ou outro candidato, para sermos PROTAGONISTAS do nosso futuro político.
PS: Marcia Bastos Balazeiro é promotora de Justiça, especialista e mestranda em Ciências-Jurídicas pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (FDUL)