Dilma e o PT querem punir a vítima Por Gilberto Dimenstein Durante o debate entre os presidenciáveis, Dilma Rousseff atacou duramente a educação em São Paulo –o que é bom, afinal ajuda a criar transparência e exigir melhor desempenho.

No mais, depois de 16 anos de governos do PSDB, o ensino público não é nem remotamente a melhor vitrine do partido; o aluno sai do ensino médio com conhecimentos sofríveis.

O que não consigo entender é como o PT, que tem educadores tão avançados, resolveu se apegar à bandeira do ataque à progressão continuada –sistema em que o aluno só repete depois de ciclos.

Repetência é, em síntese, punir a vítima.

A educação pública é ruim e o aluno, em geral, não aprende, não é por culpa dele. É algo parecido a responsabilizar alguém que pegou uma infecção num hospital.

Repetir o ano é jogar o aluno fora da escola.

O óbvio dos óbvios (isso não se faz com a intensidade necessária) é a escola oferecer um esquema permanente de reforço para que o aluno não fique para trás.

Isso já bastaria para reduzir em muito o problema.

Se o aluno não passou numa matéria, o certo é continuar, no ano seguinte, com mais reforço.

O ideal é usar mecanismos de sedução como as artes e comunicação para despertar o interesse.

Vou além: para evitar o mau desempenho a educação deveria se relacionar com as áreas de saúde, cultura e assistência social.

Muitos dos alunos não aprendem porque sofrem de problemas de saúde, muitos deles simples de serem resolvidos.

Nesse aspecto, o PT está bem na frente; afinal, o programa Mais Educação, do governo federal.

O discurso de Dilma seria muito melhor se mostrasse o feito desse programa inovador, que amplia a jornada envolve a comunidade e diversas políticas públicas na aprendizagem.

Ganharia mais força ainda seu discurso se reconhecesse, como fazem alguns de seus aliados, especialmente o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, a importância do mérito –coisa que o sindicato dos professores em São Paulo detesta, preferindo a comodidade de seus filiados do que a valorização dos alunos.