Por Márcio Falcão e Letícia Sander, Folha.com Pressionada pelos segmentos religiosos, a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, assinou uma carta em que afirma ser “pessoalmente contra o aborto”.
O documento não cita diretamente a polêmica em torno da união civil entre homossexuais e opta por compromissos genéricos em relação a outros temas-tabus sustentando que, se eleita, não pretende promover “nenhuma iniciativa que afronte à família”.
Na carta, Dilma afirma que se o projeto que criminaliza a homofobia, o chamado PLC 122, for aprovado no Senado, o “texto será sancionado nos artigos que não violem liberdade de crença, culto e expressão”.
O temor dos cristãos é que o projeto impeça sermões e pregações contra homossexuais.
Em relação ao aborto, Dilma afirma que não partirá dela nenhuma iniciativa para legalizar o procedimento e que ela defenderá “a manutenção da legislação atual sobre o assunto”, que só permite a prática em casos de estupro e risco de morte para a mãe.
Antes de ser candidata, Dilma defendia abertamente a descriminalização da prática –o fez, por exemplo, em sabatina na Folha em 2007 e em entrevista em 2009 à revista “Marie Claire”.
Depois, ao longo da campanha, disse que pessoalmente era contra a proposta.
Hoje, diz que repassará a discussão ao Congresso.
Sobre o PNDH 3 (3º Plano Nacional de Direitos Humanos), que causou polêmica por tratar do aborto, legalização da prostituição e defender que hospitais conveniados ao SUS façam operação de mudança de sexo, entre outros pontos, Dilma diz que o programa é uma “ampla carta de intenções” e que está sendo revisto.
Dilma diz ainda que a família será o foco de seu eventual governo e que defende a liberdade religiosa.
A redação da carta é uma saída para evitar desgastes para a petista que foi cobrada por religiosos para se declarar contra o casamento homossexual, a adoção de crianças por pessoas do mesmo sexo, além da regulamentação da função de profissionais do sexo.