Do G1, em São Paulo A bancada do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo anunciou nesta quarta-feira (13) que vai apresentar nesta quinta-feira (14) ao Ministério Público de São Paulo uma representação propondo a investigação de supostas irregularidades cometidas por Paulo Vieira de Souza, conhecido como “Paulo Preto”, ex-diretor da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A).

O documento também sugere que sejam investigados o ex-governador de São Paulo e candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, o ex-presidente da Dersa Delson José Amador e o atual presidente da estatal, José Max Reis Alves.

Souza foi mencionado pela candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, durante o debate com o adversário José Serra (PSDB) no último domingo.

Ela relacionou o ex-diretor da Dersa a um suposto desvio de R$ 4 milhões da campanha do tucano.

Nesta terça (12), Serra defendeu o ex-diretor e disse que o tema é um fato inventado. “A candidata Dilma disse que houve desvio de R$ 4 milhões na minha campanha.

Isso não é verdade.

O Paulo Souza é completamente inocente nessa matéria.

Não pude responder [durante o debate] porque não tive oportunidade. É um factóide”, afirmou.

O G1 consultou no final da tarde as assessorias do presidenciável José Serra e da Dersa, que não haviam se manifestado sobre o assunto até a última atualização desta reportagem.

Não foi possivel localizar o ex-dirigente da Dersa Paulo Vieira de Souza.

A bancada do PT pede que o Ministério Público investigue se os mencionados na representação obtiveram vantagem econômica em seus cargos, se houve lesão ao erário público, se houve vantagem às empresas contratadas pela Dersa e se houve tráfico de influência em relação à contratação da filha do diretor da Dersa em escritório das empresas prestadoras de serviços à Dersa.

O PT afirma na representação que, na época em que Souza era diretor de Relações Institucionais da Dersa, a filha dele, Priscila Arana de Souza Zahran, trabalhava para o escritório de advocacia Edgard Leite Advogados Associados, que presta serviços às empreiteiras encarregadas de obras como a construção do trecho Sul do Rodoanel Mário Covas, a Nova Marginal e a Jacu-Pêssego.

Segundo a representação, em 2007, a advogada emprestou R$ 250 mil sem juros ao ex-secretário da Casa Civil de Serra e atual senador eleito por São Paulo, Aloysio Nunes Ferreira, para que ele pagasse um apartamento de R$ 300 mil em Higienópolis.

A reportagem procurou o escritório Edgard Leite Advogados Associados que, até a última atualização desta reportagem, não tinha respondido à ligação.

Os deputados estaduais do PT também querem que o MP averigue a informação de que Souza realizou uma festa supostamente orçada em R$ 1 milhão em uma casa noturna de São Paulo no dia de seu aniversário, no ano passado.

Também querem a averiguação sobre a prisão de Souza por suposta receptação de uma jóia roubada.

A representação diz ainda que o atual presidente da Dersa, José Max Reis Alves, foi alvo de investigação da CPMI do caso PC Farias.

Ex-chefe de gabinete da ministra da Economia Zélia Cardoso de Mello, Alves teria recebido, segundo apontaram integrantes da CPMI, US$ 53 mil de uma empresa de táxi aéreo.

O deputado estadual Antônio Mentor (PT) disse que obteve na semana passada do procurador-geral de São Paulo, Grella Vieira, a informação de que o MP já investiga em segredo o suposto sumiço de R$ 4 milhões destinados a financiar a campanha eleitoral do PSDB.