Por Gilvan Oliveira, do Jornal do Commercio Um encontro tenso, recheado de ataques pessoais e de comparações entre os governos Lula e FHC.

E com poucas propostas.

Essas foram as marcas do primeiro debate entre os presidenciáveis no segundo turno, realizado neste domingo à noite, pela TV Bandeirantes, o mais duro realizado até agora.

Nem de longe lembrou os do primeiro turno, engessados e pasteurizados.

Desde o início, Dilma Rousseff (PT) deixou claro que partiria para o confronto.

Acusou a campanha de José Serra (PSDB) de difamá-la e procurou colar nele a pecha de privatista.

Citou o tema do aborto e se disse vítima de uma campanha “odiosa”.

Serra, por sua vez, se defendeu acusando o governo do PT de ineficiência e de aparelhar o serviço público.

Levantou o debate sobre segurança pública, saúde e infraestrutura, mas se viu acuado pela petista, que por diversas vezes jogou as privatizações contra ele, inclusive cobrando uma posição sobre uma eventual venda da Petrobras e a cessão da exploração do pré-sal.

O tucano se disse contrário.

Com estilo incisivo, bem diferente do adotado no primeiro turno, Dilma usou o vice de Serra, Indio da Costa (DEM-RJ), e a esposa do candidato, Mônica Serra, para justificar a “campanha difamatória” contra ela.

Disse que Indio organizava um blog para atacá-la e que a esposa de Serra a acusava de “matar crianças”, por conta da polêmica do aborto, tema que Dilma tentou se desvencilhar e jogar no colo do adversário.

Ela cobrou de Serra que ele assumisse que foi o tucano, quando era ministro da Saúde, quem regulamentou o atendimento do aborto no serviço público em casos previstos em lei: estupro e quando a gravidez põe em risco a vida da mãe. » ENQUETE: QUEM GANHOU O DEBATE?

Serra afirmou que, no caso do aborto, seguia a lei.

Devolveu as acusações com outros ataques.

Ironizou ao afirmar que “se solidarizava” com a petista pelos ataques pessoas, porque ele e sua família “também foram vítimas deles”.

Citou a ligação de Dilma com a ex-ministra Erenice Guerra (Casa Civil), que caiu abatida por denúncias de corrupção.

E defendeu privatizações. “Se não fosse assim, o Brasil estaria falando por orelhões”, declarou, se referindo ao setor de telefonia.

Durante todo o programa, Serra acusou Dilma de ter “duas caras”, em referência velada à eventual mudança de opinião dela sobre a liberação do aborto.

E Dilma afirmou que seu adversário teria “mil caras, uma para cada conveniência”.

Ao final, Dilma centrou seu discurso nas diferenças entre os projetos petistas e tucanos simbolizados pelos governos FHC e Lula, e basicamente colocou-se como a que continuará o projeto do atual governo.

Já Serra, em tom mais ameno que a oponente, chegou a expor propostas: criação de um ministério da segurança pública, de apoio às Santas Casas de Saúde e investimentos em portos e aeroportos.