Por João Domingos - O Estado de S.Paulo A propaganda gratuita da petista Dilma Rousseff na TV, que será exibida a partir de hoje, terá mudanças em relação à que foi ao ar no primeiro turno.

A ideia é recorrer a uma fórmula que todos consideram que deu certo na eleição de 2006: a identificação do PSDB com a privatização das estatais do setor elétrico, mineral e de telecomunicações.

Assim como ocorreu com o tucano Geraldo Alckmin em 2006, os petistas tentarão colar em José Serra o carimbo de privatista.

Mas o programa de hoje, que marca a reestreia da campanha na TV, deverá ser leve, sem tratar da privatização.

Terá ares de celebração da vida, forma indireta de a candidata dizer que é contrária ao aborto.

Dilma lembrará ainda que a bancada do PT e dos partidos aliados a ela cresceu tanto na Câmara quanto no Senado, o que lhe garantirá, se eleita, a estabilidade política na relação com o Congresso.

Para reforçar esse argumento, no programa de abertura a candidata petista vai aparecer ao lado de governadores e senadores eleitos de partidos da base aliada.

O programa buscará passar para o eleitor uma demonstração de confiança e unidade. “Vai ser um programa para cima, alegre”, afirmou o presidente do PT, José Eduardo Dutra.

A comparação entre os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso, porém, ficará cada vez mais forte.

Em reunião realizada ontem da Executiva Nacional do PT, dirigentes do partido decidiram que será preciso insistir na venda das estatais. “Vamos gostar muito quando voltar o debate da privatização”, disse Dutra.

No arsenal preparado para o enfrentamento com os tucanos, está a possibilidade de Dilma responder aos programas de José Serra lembrando que o PSDB e seu parceiro, o DEM, já defenderam a privatização da Petrobrás, do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal.

Essas insinuações foram feitas na campanha de 2006, conseguindo pôr o tucano Geraldo Alckmin na defensiva, enquanto Lula ficou completamente à vontade para divulgação de suas ideias.

Laços.

Ao mesmo tempo, os programas de Dilma na TV pretendem reforçar os laços da candidata com as pessoas de baixa renda - exaustivamente tratados nos programas anteriores -, e com a classe média, onde os marqueteiros identificaram a maior sangria de votos da petista.

Na mensagem para os mais pobres, Dilma insistirá que os programas sociais de Lula tiraram 28 milhões de pessoas da miséria e elevaram 36 milhões para a classe média.

Para esse setor, de onde teria saído a maioria dos votos de Marina Silva (PV), Dilma pretende falar em compromisso com o respeito ao meio ambiente, defesa da liberdade de expressão, fortalecimento da segurança pública, combate ao crack e incentivo aos programas culturais.

Haverá ainda ênfase a programas populares como o Minha Casa, Minha Vida, o Luz para Todos e a agricultura familiar.

Não será esquecida a capitalização da Petrobrás, que se transformou na segunda maior petroleira do mundo durante o governo Lula nem a descoberta de petróleo na camada do pré-sal.

A respeito deste último tema, a intenção é destacar, no programa, que boa parte dos lucros do pré-sal irá para um fundo destinado a garantir a preservação do meio ambiente, uma forma de pensar nas gerações futuras.