Por Fernando Castilho, do JC Negócios Foi assim: Leonel Brizola foi candidato a presidente da Republica em 1989 e, na manhã do dia seguinte, anunciou seu apoio a Lula que perdeu para Collor.

Levou o PDT um caminhão de votos no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul num processo direto de transferencia de votos que virou história.

E consolidou sua liderança no processo de redemocratização, além de fortificar o nome do partido que fundara após o exílio.

A senadora Marina Silva fez exatamente o contrário.

Dona de quase 20 milhões de votos não aproveitou o tempo que lhe restava para consolidar o PV como uma força política no Brasil e entrou na onda do dirigentes da agremiação interessados em marcar posições para a história da bandeira verde.

Marina Silva teve esse momento lindo exatamente entre as 9h de segunda-feira passada e o começo da noite.

Se optasse por qualquer um dos candidatos poderia se transformar no fiel da balança e mais ainda definir um papel histórico para o PV no próximo governo.

Mas ela ficou naquela de convidar as lideranças, ouvir as bases e vai por aí.

Perdeu.

Agora, aqui para nós e o povo da rua.

Alguém acha que, no segundo turno?

Alguém vai decidir o seu voto pelo que Marina Silva disser ou que o Partido Verde escolher?

O que parece claro é que o PV pensou que administrava um ativo do qual não era dono.

O partido, com todo respeito aos verdes, não vale o que eles acham que vale na eleição.

Valeria para qualquer um dos candidatos, a palavra de Marina da Silva naquele momento lindo da segunda feira.

Ou alguém acha que todo o eleitor de Marina Silva no primeiro turno vai seguir em marcha batida para as urnas voltando no candidato que a reunião do dia 17 escolher?

Na sabedoria popular existe um ditado que manda aproveitar o momento em que o cavalo passa selado para se montar nele.

Depois, se pular, fica no chão.

Isso não quer dizer que a opinião do PV não seja importante.

Mas deixou de ser decisiva quando a candidata, depositaria de 20 milhões de votos, ficou calada em relação ao caminho que tomar no segundo turno.

Era naquele momento.

Era ali que ele deixaria de ser um elemento de protesto para virar o fator de vitória.

Hoje, não é mais.

E o danado é que eu votei nela pensando nisso.

Ela até poderia escolher o candidato em que eu vou votar, mas eu iria ficar muito feliz porque ela tinha virado o fator determinante.

Os meninos do Partido Verde, infelizmente, ainda não fazem política de forma profissional embora o movimento verde global já exije isso.

Paciência