Da Folha de São Paulo O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira acreditar que boa parte dos votos dados à candidata derrotada do PV, Marina Silva, serão transferidos para Dilma Rousseff (PT) no segundo.
Para Lula, os eleitores deixaram claro que querem uma mulher na presidência da República, pelo fato de que Dilma e Marina, somadas, tiveram 67% dos votos válidos. “Como se tem uma mulher e um homem no segundo turno, subentende-se que a mulher possa levar uma vantagem.” Ele elogiou Marina, a quem se referiu como uma “companheira extraordinária”, e disse entender que a senadora ainda vai demorar um tempo para tomar posição em relação ao segundo turno. “Convidei a Marina para ser minha ministra, e ela saiu quando quis.
Entendi isso, assim como entendi quando ela quis sair do PT”, afirmou, após participar da expansão do Cenpes (Centro de Pesquisas da Petrobras).
Lula, no entanto, não mencionou se vai pedir o apoio de Marina.
Sobre a polêmica sobre a posição de Dilma em relação ao aborto, Lula disse que é comum haver jogo sujo na reta final de campanha. “Sofri isso em 89, o submundo da política é assim”, observou, ao lembrar das acusações feitas pelo então adversário Fernando Collor, de que teria proposto um aborto para uma antiga namorada.
Lula reiterou que Dilma é contrária ao aborto, e ressaltou que essa posição ficará ainda mais explicitada na campanha.
Questionado sobre a intenção de o PSDB expor o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Lula disse apoiar a medida.
Para ele, isso vai servir para que haja uma comparação entre seu governo e o de FHC, neste segundo turno.
O presidente disse que pretende participar ativamente da campanha de Dilma, e que o segundo turno é positivo para a consolidação das propostas. “Acho ótimo [ter segundo turno].
Estou comemorando.
Agora no domingo vai ter o primeiro debate, depois tem carreatas e comícios.
E pretendo participar de muita coisa nessa campanha”.
Lembrou ainda que participou de três disputas no segundo turno, e que essa fase da campanha permite que as posições fiquem mais claras. “Agradeço por duas coisas na minha carreira: não ter ganho em 89, e ter ido para o segundo turno em 2006.
Se ganho no primeiro turno, com 51% dos votos, sempre ia ter uma contestação.
Foi importante ir para o segundo turno e ter uma maioria mais expressiva”.