Por Gustavo Melo, pastor em Olinda É a primeira vez que a onda evangélica no Brasil interfere nas questões da política nacional.
A eleição de 2010 teve uma forte participação da igreja cristã em defesa de temas que ela considera indispensáveis.
Tanto alguns segmentos da Igreja Católica Apostólica Romana como as milhares de igrejas evangélicas espalhadas por este país levantaram-se contra as bandeiras do aborto e do casamento homossexual.
O clima esquentou quando em setembro de 2007 o Partido dos Trabalhadores - PT, em seu 3º Congresso Nacional, aprovou a emenda “Por um Brasil de Mulheres e Homens Livres e Iguais”, que fora apresentada pela Secretaria Nacional de Mulheres do PT, trazendo em seu texto a defesa “descriminalização do aborto e da regulamentação do atendimento de todos os casos no serviço público”.
Em 21 de dezembro de 2009, o Presidente Lula assinou o Decreto nº 7.037, conhecido como PNDH-3 (Plano Nacional de Direitos Humanos 3).
O Decreto foi referendado por todos os 31 Ministros de Governo que compõem a atual gestão.
No PNDH-3, o Governo se comprometeu, entre outras coisas, a: (I) favorecer a visibilidade e o reconhecimento social das uniões não-heterossexuais, através de ações afirmativas e de programas culturais; (II) apoiar a união civil entre pessoas do mesmo sexo; (III) garantir o direito de adoção a casais homossexuais; (IV) “desconstruir a heteronormatividade” (significa dizer, em palavras bonitas, que o normal passa a ser a união homossexual; o heterossexual se torna o “estranho”); (V) garantir o uso do nome social de travestis e transexuais; (VI) fomentar a criação de redes de proteção LGBT, implementando centros de prevenção e combate à homofobia; dentre outras coisas.
Após a aprovação e sanção do presidente da República de temas polêmicos, no Plano Nacional de Direitos Humanos 3, houve uma insatisfação geral nos líderes de várias igrejas cristãs no Brasil.
Alguns bispos da Regional Sul da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) emitiu manifesto dizendo-se contrários ao posicionamento do PT em legalizar o aborto no país.
Um vídeo foi divulgado na internet, pelo Dom Luis Gonzaga Bergonzini, o Bispo Diocesano de Guarulhos, condenando a legalização do aborto.
Em sua carta “Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus” ele critica o PT por apoiar o aborto e por punir alguns deputados que foram contrários a esta lei.
Veja aqui.
Entre os evangélicos, o vídeo que mais chamou a atenção foi o do Pr.
Paschoal Piragine Jr., que contou com mais de 2 milhões de acessos em apenas 30 dias.
Veja aqui.
O Pr.
Silas Malafaia também utilizou o seu programa de televisão para alertar ao público evangélico sobre os assuntos da legalização do aborto, casamento homossexual, e a lei da mordaça - PL 122, que o PT, através de seu Congresso Nacional manifestou apoio total a esses assuntos.
Diante dessas denúncias, uma série de e-mails circularam pela internet pedindo para NÃO VOTAR em candidatos ligados ao Partido dos Trabalhadores.
Alguns padres e milhares de pastores de diversas denominações evangélicas no país reproduziram aos seus fiéis o vídeo alertando seus membros sobre as eleições 2010.
Com a constante queda nos números para a corrida presidencial, o comando de campanha da candidata do PT à Presidência da República ficaram bastante preocupados ao ponto de organizarem uma entrevista coletiva, uma semana antes das eleições, em que reuniram algumas lideranças cristãs para afirmarem que não são favoráveis ao aborto.
Mesmo com o intuito de tentar aproximar-se, na reta final do 1 turno, do público cristão, a verdade é que: O Partido dos Trabalhadores, através da resolução aprovada pelo 4 Congresso sobre Diretrizes do Programa de Governo, posiciona-se. (I) a favor do aborto, usando o nome bonito “direitos reprodutivos”, no item 57 da Resolução; (II) a favor da união homossexual, nos itens 47 e 48 da Resolução.
Veja aqui.
O Governo Federal, através da aprovação do Plano Nacional de Direitos Humanos 3, aprova a legalização do casamento homossexual.
Veja aqui.
E a candidata Dilma Rousseff, que pessoalmente disse, em entrevista a Revista Marie Clarie e também em sabatina na Folha de São Paulo, ser favorável a legalização do aborto.
Veja aqui e aqui Segundo matéria publicada na Folha de São Paulo, um dos fatores de Dilma não ter ganho as eleições logo no primeiro turno foi que “não conseguiram dar resposta eleitoral eficiente para temas religiosos, como a legalização do aborto.
Para eles, essa foi a principal razão que fez os votos de Dilma, especialmente entre as classes mais baixas, migrarem para a candidatura de Marina Silva, do PV, impedindo sua eleição imediata já no primeiro turno.” Diante desse cenário político atual vemos claramente a força do eleitorado cristão no nosso país, que mostrou através do voto seu repudio a partidos ou candidatos que venham se posicionar contra assuntos morais que dizem respeito a família, à vida e a fé cristã.
Pr.
Gustavo Melo é pastor da Igreja Batista Renascer, de Olinda, Recife - Pernambuco