O Estado de S.Paulo BRASÍLIA - O presidente do PT, José Eduardo Dutra, vai procurar nos próximos dias a candidata derrotada do PV, Marina Silva, e pedir o apoio dela a Dilma Rousseff (PT), que enfrentará José Serra (PSDB) no segundo turno.
A estratégica começou a ser traçada ontem à noite, em reunião que juntou no Palácio da Alvorada o próprio Lula e mais uma dezenas de políticos e ministros da campanha de Dilma.
O governo quer, entre outros objetivos, barrar a negociação - já destravada no bastidor dos tucanos - para desalojar o DEM da vice de Serra e entregar a vaga ao PV de Marina - foi citado o nome do deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), que ficou em segundo lugar na disputa pelo governo do Rio.
Mas a legislação só permite substituição na chapa dentro da própria coligação.
Ontem à noite, Gabeira disse ao Estado que vai apoiar Serra no segundo turno: “O que eu posso falar agora é que tenho o compromisso de apoiar o Serra.” Com a residência oficial da Presidência transformada em comitê de campanha do PT, o presidente e a candidata Dilma acompanharam a apuração e depois comandaram um reunião em que estiveram presentes, além de Dutra, o coordenador Antonio Palocci, o assessor especial do Planalto, Marco Aurélio Garcia, os ministros Franklin Martins (Comunicação Social), Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Guido Mantega (Fazenda), Henrique Meirelles (Banco Central), Carlos Eduardo Gabas (Previdência), Gilberto Carvalho (secretaria-geral da Presidência) e Altemir Gregolin (Pesca).
A pauta básica foi a estratégia de negociação com Marina para o segundo turno.
Marina decidirá o plebiscito Na Folha Online No roteiro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a eleição presidencial de 2010 seria uma disputa plebiscitária entre o PT e o PSDB.
Mais do que isso, entre seus oitos anos de governo e outros oito anos do tucano Fernando Henrique Cardoso.
No meio do caminho, surgiu uma pedra.
Para surpresa de Lula e de boa parte do mundo político de Brasília, Marina Silva deixou o PT em 13 de maio de 2008.
Um anos depois, aceitou uma aventura de risco: disputar a Presidência da República pelo inexpressivo PV.
O resultado do primeiro turno mostra que Marina quebrou o plebiscito.
Os méritos não são do PSDB de José Serra, mas da senadora que, de certa forma, vingou-se da forma como foi isolada no governo Lula.
Registro: ex-colegas de ministério de Marina se queixam de que ela não seria uma boa gestora.
De acordo com essa versão, ela combinava ações na mesa do presidente, mas um suposto domínio de ONGs na máquina do Meio Ambiente desautorizava o acertado.
Marina sempre rebateu essa versão.
Diz que todos os projetos que Lula quis realizar obtiveram as autorizações.
Ressalta que nunca fez chegar à imprensa, enquanto ministra, versões desfavoráveis a Dilma Rousseff, ex-chefe da Casa Civil e hoje candidata à Presidência.
PT e PSDB não devem se iludir.
Marina terá enorme importância no segundo turno.
Petistas e tucanos já começam a cortejar seu apoio.
Não adianta falar com o PV de José Luiz de França Penna.
A votação que foi dada a Marina é dela –o “Lula de saias” que foi a grande surpresa desta eleição.
Marina vai decidir o plebiscito.