Por Roberto Santos As pesquisas apontavam uma incerteza quanto a definição das eleições presidenciais em primeiro turno.

E, de fato, ela não se confirmou.

O bombardeio da mídia em cima das denúncias na Casa Civil, enfim arranharam a candidatura de Dilma.

Mas a forma que isso reverberou junto ao eleitorado é o mais interessante.

Serra permaneceu inerte na sua baixa oscilação nas pesquisas que antecederam o pleito, e isso se confirmou no percentual de seu resultado.

Não é nenhum absurdo imagina que esse seja o teto (ou muito próximo dele) de José Serra.

Um candidato com um recall muito alto, mas que não significa sucesso eleitoral.

A combinação alto recall com alto índice de rejeição é desastrosa.

Dilma teve sua queda, ao passo que Marina Silva crescia.

Está claro que os ataques da campanha de Serra fizeram Dilma perder votos, mas não para ele, e sim para Marina.

Uma terceira via sempre se fortalece quando o debate fica mais acirrado entre os postulantes majoritários.

Agora para o terceiro turno, a meu ver, pouco importa o apoio explícito de Marina.

Até porque, duvido muito que ela vá se aliar de maneira declarada a algum candidato.

Em segundo lugar, porque uma candidata verde (com o perdão do trocadilho) não tem poder de manobra sobre seus eleitores, ela não tem poder de transferir quase 20 milhões de votos.

Essa idéia é surreal.

Nem Lula conseguiu fazer isso com Dilma.

Caso o atual presidente fosse o candidato, certamente seria eleito em primeiro turno, o que não ocorreu com Dilma.

O apoio de Marina não significa entregar um pacote com 20% dos votos do país a um dos candidatos.

Na realidade, Dilma precisa crescer sua votação em pouco mais de 3% ou contar que 6% dos eleitores de Marina votem em branco.

Fato plausível, já que muitos optaram pela terceira via pela descrença nos dois líderes das pesquisas.

Além do que a base governista se saiu vencedora nas eleições para o parlamento.

Esse apoio virá de forma exclusiva e revigorada.

Sendo bem franco, as chances de uma derrota petista passam por um evento de proporções históricas. É preciso um fato novo tão forte que faça ela perder os votos do primeiro turno, Serra absorver essa demandada, os votos de Marina sejam deslocados para Serra, e de troco ainda, o tucano reduzir (pelo menos) pela metade o seu elevado índice de rejeição.

Roberto Santos é supervisor de pesquisa do Instituto Maurício de Nassau