Por Adriano Oliveira Após o fim da etapa inicial das eleições, já que teremos segundo turno para presidente, é necessária uma avaliação quanto ao passado e ao futuro. É importante também desmistificar mitos e assertivas infelizes.
Portanto, avalio que: 1.
Eduardo Campos, independente da vitória de Dilma ou Serra, adquire condições de ser uma liderança nacional.
E, claro, uma alternativa ao PT.
Suponho, se as circunstâncias políticas o ajudarem, que Eduardo Campos mira a eleição presidencial de 2014.
A vice-presidência e a presidência são alternativas.
Em razão disto, Eduardo avaliará, a partir das pesquisas de opinião, qual posicionamento tomará nesta disputa presidencial.
Além disto, o governador buscará manter o PT sobre o seu controle no estado.
Inclusive, na eleição de 2012. 2.
Entretanto, Eduardo fortaleceu Humberto Costa.
A vitória de Dilma, a qual não descarto, fortalecerá Humberto no plano local.
Mas, independente de Dilma ocupar a presidência da República, Humberto dará as cartas no PT e, em algum instante, poderá ocorrer conflitos com Eduardo e João Paulo.
Tenho uma dúvida: Humberto deseja ser candidato a prefeito?
Caso ele seja, Eduardo poderá apoiá-lo com o objetivo de anulá-lo em 2014.
Mas se Humberto desejar o governo?
Neste caso, Eduardo deve ir para o conflito. 3.
Jarbas Vasconcelos marcou posição nesta campanha.
Ele disse ao eleitor: “Eu sou a oposição neste estado e no Brasil”.
E Jarbas falou a verdade.
A candidatura Jarbas revelou o esfacelamento da oposição em Pernambuco e o sucesso do governo Eduardo Campos na mente dos eleitores.
Não desprezem Jarbas.
Existe a possibilidade de Serra ser eleito.
Caso isto ocorra, Jarbas fortalecerá a sua posição política em Pernambuco e no Brasil.
Porém, Eduardo poderá, ainda este mês, se aproximar de Serr a.
Se isto ocorrer, o que Jarbas irá fazer ou dizer? 4.
Como não estou em todas as salas de codificação, não sou irresponsável em afirmar que todos os institutos de pesquisas erraram.
Opto, então, por considerar que falta capacidade de análise a alguns intérpretes de pesquisas.
Nesta eleição, em dado instante, frisei que Dilma tinha condições de vencer a eleição.
Porém, Cisnes Negros poderiam aparecer.
Semana passada, mostrei que eles apareceram e que o segundo turno poderia ocorrer.
E ocorreu!
Analistas precisam reconhecer que a análise das pesquisas requer a ausência de determinismo.
E, claro, de paixão. 5.
As pesquisas erraram na eleição do Senado?
Em minha opinião não.
Não existe metodologia adequada para identificar o segundo voto.
Por isto, em nenhum instante, desprezei as chances de Maciel.
Além disto, existia considerável percentual de indecisos.
A minha dúvida era: em quem os indecisos votarão?
Os indecisos votaram em Armando e Humberto.
Em razão da “força estrutural”, Armando foi mais votado do que Humberto.
Reconheço, ainda, o papel preponderante de Eduardo Campos no sucesso eleit oral de ambos. 6.
A ida de Serra para o segundo turno, a reduzida votação de Marco Maciel e a eleição de Aloysio Nunes em São Paulo mostram que o determinismo não deve existir na análise política e que Cisnes Negros surgem na trajetória eleitoral.
Geralmente, os interpretes de pesquisas desprezam os Cisnes Negros e as informações qualitativas.
E no desejo de acertar pecam.
Ou melhor: erram!
Por isto, prefiro criar hipóteses diante das evidências advindas do processo eleitoral.
PS: Adriano Oliveira é doutor, professor adjunto do Departamento de Ciência Política (UFPE) e coordenador do Núcleo de Estudos de Estratégias e Política Eleitoral (UFPE)