A fácil reeleição do governador-candidato Eduardo Campos, sobre o senador Jarbas Vasconcelos, do PMDB, deve-se a diversos fatores, locais e nacionais, mas o mais óbvio é o reconhecimento do eleitorado de que ele fez um bom governo e avançou, especialmente em áreas como o combate à segurança ou a saúde, como o blog já teve oportunidade de registrar aqui.

A vitória de Eduardo Campos, nem por isto, deixa de ser impressionante.

Embora todos esperássemos sua eleição no primeiro turno, conquistar cerca de 82,26% do eleitorado, com 2,8 milhões de votos, contra cerca de 500 mil de Jarbas, é um resultado histórico.

Com 93,55% das urnas apuradas até as 21h10 desde domingo (3), Eduardo Campos (PSB), aos 45 anos de idade, está matematicamente reeleito, no primeiro turno, ao cargo de governador de Pernambuco.

Ele tem mais de 82,5% dos votos válidos.

Além de governador do estado, ele foi deputado estadual, deputado federal por três legislaturas e ministro de Estado de Ciência e Tecnologia, de 2004 a 2005, durante o governo Lula.

Eduardo teve a inteligência aproveitar a herança bendita deixada pelo antecessor, negando-lhe o crédito, como faz Lula com os tucanos.

O socialista também teve a competência de cercar-se de uma boa estratégia de campanha.

Eduardo simplesmente deixou Jarbas falando do passado.

Não aceitou a comparação com o governo Jarbas/Mendonça, com o slogan Daqui para Melhor.

Em sua campanha, destacou as obras federais, como a refinaria e o estaleiro que estão sendo erguidos no complexo portuário de Suape. “Fizemos uma campanha que prestou contas à sociedade e falou do futuro de Pernambuco.

Nossa vantagem nas pesquisas é expressiva, mas temos que aguardar a expressão do voto popular.

Os políticos já falaram.

Agora é a hora do povo falar”, disse hoje cedo, depois de votar.

Jarbas teve uma atuação combativa no Senado e mesmo sendo oposição a Lula em um estado em que o presidente tem uma enorme popularidade, a performance de Jarbas ficou aquém de sua atuação e dimensão histórica.

Não havia muito o que fazer.

Jarbas, 68, disputou a eleição contra sua vontade.

Com mais quatro anos de mandato no Senado, ele assumiu a candidatura a pedido do presidenciável tucano, José Serra, que precisava de um palanque forte no Estado.

Durante a campanha, perdeu o apoio da maioria dos prefeitos do PSDB, que já não tinha há muito tempo.

A situação lembra aquela roda de pogo que os maluquetes punks fazem em shows, quando pulam do palco sobre a plateia.

Todos brincam pulando sobre os outros, quando são abraçados para evitar que se esborrachem no chão.

No caso de Jarbas, foi um pula que eu abro.

Estatelou-se.

LEIA MAIS NO JC ONLINE: Jarbas credita derrota à oposição que fez a Lula Uma das falhas mais evidentes do senador do PMDB foi encastelar-se em Brasília, usando seu gabinete apenas para a disputa ideológica com o governo do PT.

Enquanto isto, Eduardo Campos, como fez quando concorreu com Mendonça Filho, para seu primeiro mandato, viajou a todos os municípios do Estado e fez acordos até com oposicionistas.

Será necessário agora uma reformulação ampla e profunda da oposição, depois de uma devida lavagem de roupa suja.

O maior erro da oposição, para mim, foi a falta de renovação dos quadros.

Figurões personalistas nunca cuidaram de cuidar da sucessão.

Vejam o caso do deputado federal Roberto Magalhães que abandona a política somente agora, por suposto desgosto com a atividade.

O cenário para a oposição em PE só pode ser péssimo.

Marco Maciel poderia ter um desempenho bem melhor, mas ficou com cerca de 12-13%.

Para um nome com esta dimensão, é uma votação irrisória e reforça a a visão de um péssimo cenário para a oposição em PE.

Eleito hoje no primeiro turno, Campos poderá comemorar a derrota histórica sofrida por seu avô Miguel Arraes (1916-2005) na eleição de 1998, vencida pelo mesmo Jarbas.

Arraes, que à época tentava a reeleição, perdeu por uma diferença de 1,06 milhão de votos.

Campos pode superar essa soma e cravar a vitória mais elástica do país.

O governador deve ao avô o início da sua carreira política.

Ele ocupou cargos de confiança quando Arraes governou Pernambuco (1987-1990 e 1995-1998).

Campos tem o apoio do presidente Lula, de quem foi ministro da Ciência e Tecnologia até 2005.

EDUARDO CAMPOS(PSB) Nome: Eduardo Henrique Accioly Campos Idade: (nasceu em 10/08/1965, no Recife) Graduação: Economista Esposa: Renata de Andrade Limpa Campos Filhos: Maria Eduarda, João, Pedro e José Henrique Filiação política: Partido Socialista Brasileiro (PSB) » Foi chefe de gabinete no segundo governo Miguel Arraes (1987-90) » Secretário de Governo e da Fazenda no terceiro governo Miguel Arraes (1995-98) » Ministro da Ciência e Tecnologia do Governo Lula (2003-2006) » Candidato a prefeito do Recife (1992) » Deputado estadual (1991-95) » Deputado federal (1995-98/1999-2002/2003-2006) » Governador de Pernambuco (2007-2010)