Foi para lá de morno.

Dilma Favorecendo-se das regras do programa, a petista evitou o confronto com o tucano José Serra e não entrou em nenhuma saia justa que lhe pudesse tirar votos.

Dilma acabou sendo beneficiada com sua estratégia de debater com os nanicos e isolar Serra.

Na sua melhor investida, ajudada pelo radicalismo inconsequente de Plínio, prometeu cumprir contratos e as regras do jogo democrático, se eleita, quase que reeditando a carta ao povo brasileiro, o coice que o Lula Paz e Amor deu nos radicais do partido ao aderir ao mundo real.

Plínio perguntou se ela teria a coragem de desapropiar imóveis que não estivessem alugados, para reduzir o déficit de moradias. “O Brasil vive em legalidade”, afirmou a ex-terrorista. “Não é correto romper contratos.

Vamos respeitar os contratos”, completou.

Apesar da idade avançada, Plínio ainda não entendeu como funciona a lei da oferta e da procura.

Caso existam mais imóveis, sobrariam unidades e o preço cairia.

De quebra, Dilma ainda aproveitou para prometer dois milhões de moradias, embora não tenha entregue até aqui nem 15% do primeiro milhão prometido.

O momento mais curioso acabou ocorrendo por conta da reação da plateia, no estúdio.

Depois de afirmar que todas as doações ao partido são declaradas, ouviu gargalhadas do auditório e ficou um pouco desconcertada.

Nota-se uma evolução desde os primeiros debates, pois não demonstrou mais tanto nervosismo. “Lamento os risos de quem tem outras práticas”, devolveu, esquivando-se e recebendo as palmas dos correligionários presentes.

Só ficou com a cara amarrada umas duas vezes, ao ouvir questionamentos de Plínio.

Numa delas, ele ensinou a ela que a Petrobrás não é exatamente uma empresa pública porque tem ações negociadas em bolsas, sócios privados, como se isso fosse um mal em si.

A segunda oportunidade ocorreu quando foi questionada sobre alianças políticas envergonhadas.

Quem sabe tentando apartar-se da imagem de candidata tutelada, Dilma pouco citou Lula no debate.

Serra O momento mais tenso de Serra ocorreu ao dar um coice em Marina, quando esta tentou lhe enredar com uma questão sobre o Bolsa Família.

No quarto bloco, acossado, pediu a verde que não usasse sua régua para medir os outros. “Aqui neste debate, você e a Dilma tem mais coisas parecidas do que qualquer outro aqui.

Você estava no governo do Mensalão”, apontou a contradição.

Para Dilma, fez ataques pontuais, como a acusação de que aumentos impostos sobre saneamento, impedindo mais investimentos no setor.

Voltou a abusar de promessas que parecem mais eleitoreiras, como o aumento do salário mínimo e das aposentadorias já em 2011.

Mais promessas de ampliação do metrô, realmente uma necessidade para qualquer governo que assumir.

O retrato do Serra Light, para evitar possivelmente aumento da rejeição e perda de votos, foi a farpa lançada para Dilma, ao responder para Plínio uma pergunta sobre aumento dos recursos da saúde. “Nós precisamos ter lisura na administração pública para ter mais recursos”, alfinetou.

Outra oportunidade, reclamou do aparelhamento das agências reguladoras por partidos políticos.

Nem chegou a citar os Correios, mãe de todos os escândalos, nem o balcão de negócios que foi aberto em plena Casa Civil, sob as barbas brancas de Lula.

Marina A candidata do PV esteve mais Rolando Lero do que nunca.

Dou um doce a quem souber explicar o que ela realmente deseja fazer sobre a reforma da previdência, que ela diz ter um problema grave, mas cuja solução não apresentou.

Pessoalmente, não consigo entender como a candidata do PV tem conseguido ampliar suas intenções de voto com tanta superficialidade.

Até a petista apontou a falha. “Vamos falar de coisas concretas”, cobrou Dilma, ao debater a questão da segurança nacional.

No seu discurso oco, que não se põe em pé, Marina acusa os concorrentes de não terem uma visão integrada e estratégica.

Questionada sobre habitação por Serra, diz que não se resolve com um passo de mágica.

Chavões e mais chavões.

E resolve como cara pálida?

O momento mais agudo desta fragilidade ocorreu quando Dilma questionou-lhe sobre que destino teria dado á política econômica, em um momento de crise. “No governo, a gente não faz teoria, Marina, a gente não acha nada, tem que fazer”, bateu-lhe Dilma, mais uma vez.

O momento de maior ousadia ocorreu quando acusou o ex-ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, de desviar recursos para as suas bases de sustentação, na Bahia, onde tenta, sem sucesso, eleger-se governador.

Atribuir culpa ao chefe dele, Lula, nem pensar!

Plínio de Arruda Sampaio.

Repetitivo e chato, o candidato do PSOL pareceu estar mais deslumbrado com a grande audiência da Globo do que em apresentar suas propostas.

Ficou evidente que não as tem, como quando foi cobrado por Dilma sobre sua proposta para saneamento básico.

Chegou a dispensar alguns minutos para fazer propaganda eleitoral dos deputados federais do partido em horário nobre.

Abusou da demagogia, como auditoria da dívida pública e a cobrança da instituição do imposto sobre grandes fortunas, algo que afugentaria os investidores, os grandes empresários, os agentes produtivos que geram emprego e renda.

Noutra sacada infeliz, chamou se bolsa-empreiteiro os programas habitacionais do governo Federal, não sem antes ouvir da petista que ele próprio tem uma casa própria para morar.

No momento mais inspirado, chamou os gastos com juros de bolsa credor, que consomem o orçamento de um bolsa família a cada 13 dias.

Como o Estado vai se financiar, se gasta mais do que arrecada, camarada?

Depois de um debate tão morno, dá para dizer que a fatura será decidida no primeiro turno ou a disputa vai para o segundo turno?

Só o eleitor pode dizer, no domingo, na Fe$ta da democracia..