Por Isaltino Nascimento A urna biométrica, que será utilizada pela primeira vez no Brasil nas eleições do próximo dia 3 de outubro, começa a sepultar as velhas práticas de corrupção eleitoral engendradas pelas oligarquias desde o início da República e que ainda hoje comprometem pleitos em vários municípios do país.

Agora serão apenas quatro milhões de eleitores que votarão pelo novo sistema, mas a meta do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é utilizar tecnologia que permite a identificação dos eleitores por meio de suas impressões digitais em 100% das urnas até 2014.

Em Pernambuco o uso do voto biométrico pelo Tribunal Regional Eleitoral (TER), que começa por Itapissuma, Itamaracá, Rio Formoso e Tamandaré, já aponta o que isso representará.

Depois do recadastramento realizado para adequar a votação à nova tecnologia 19 mil eleitores simplesmente desapareceram destes municípios.

Há quem diga que o sumiço dos “eleitores” se deu por mudança de domicílio eleitoral ou por desconhecimento do recadastramento.

Mas a redução de 30,23% dos eleitores nas quatro cidades traduz muito mais que isto.

Quem já ouviu falar em eleitor fantasma, em voto de cabrestro ou curral eleitoral?

Coisas do passado?

Pelo resultado de muitas das votações de 2008, quando foram eleitos prefeitos e vereadores, a resposta é não.

Na eleição passada houve muitos casos no Estado nos quais os vencedores foram eleitos com uma diferença mínima, como ocorreu em Carnaubeira da Penha, onde pouquíssimos votos separaram o primeiro colocado do segundo.

Recadastramento promovido pelo TRE em 23 municípios, divulgado no final de 2007, já havia dado indícios da gravidade do problema.

Na ocasião houve o cancelamento de 77.545 títulos, representando 31,59% dos eleitores das cidades onde houve a revisão, que foram Afrânio, Águas Belas, Belém do São Francisco, Feira Nova, Ferreiros, Flores, Frei Miguelinho, Ibimirim, Itapetim, João Alfredo, Lajedo, Mirandiba, Moreilândia, Paranatama, Santa Cruz, Santa Cruz da Baixa Verde, Sertânia, Sirinhaém, Terezinha, Terra Nova, Tracunhaém, Venturosa e Verdejante.

Os eleitores que votam no lugar daqueles que já morreram, ou saem de suas cidades para se registrarem como eleitores de outros municípios em troca de algum benefício, ou votam sob o cabrestro de coronéis, são decisivos nas localidades onde as disputas são muito acirradas e ainda há predominância do poder econômico.

Pois acabam elegendo candidatos que não têm compromisso com a cidadania, muito menos com o bem público.

Acabar com este tipo de prática só faz bem ao Brasil, pois demonstra o avanço da Justiça Eleitoral, que desta forma contribui para o fortalecimento e o aprimoramento da recente democracia na qual vivemos.

Dando, enfim, adeus, aos eleitores fantasmas e seus afins.

Isaltino Nascimento (www.isaltinopt.com.br / www.twitter.com/isaltinopt), deputado estadual pelo PT e líder do governo na Assembleia Legislativa, escreve para o Blog todas às terças-feiras.