Por Janguiê Diniz O Brasil vem se mostrando como uma das economias que mais se expande, assim como boa parte dos países emergentes, principalmente após a crise econômica mundial.
No entanto, crescer economicamente não é tudo, ainda mais quando existe uma enorme carência no quesito educação, a base para a formação de cidadãos.
O Governo tenta garantir que os jovens estão na escola, mas não assegura que estão dentro do nível de ensino adequado.
O problema é grave e atestado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou recentemente a Síntese de Indicadores Sociais 2010, mostrando que, no ano passado, pelo um em cada dois dos jovens com idades entre 15 e 17 anos estava fora do nível de ensino apropriado.
Metade dos adolescentes brasileiros com esta faixa etária estavam no ensino médio em 2009.
Antes que o Governo Federal procure explicar ou justificar a defasagem, vale destacar que o problema agrava-se cada vez mais.
Ainda segundo a pesquisa do IBGE, em 1999, eram 32,7% jovens entre 15 e 17 anos no ensino médio.
Em 2004 o percentual era de 44,2%.
E o agravante da situação está na relação com o rendimento familiar, uma vez que entre os 20% mais pobres do País, apenas 32% dos adolescentes com a mesma faixa etária analisada faziam parte do ensino médio, ao passo que entre os 20% mais ricos, o índice chegou a 78%.
Fica clara a relação da escolaridade com o nível social das famílias brasileiras quando se avalia o estudo por região.
No Norte e Nordeste do País, a situação é ainda mais grave, quando somente 39,1% dos jovens do Norte e 39,2% dos do Nordeste encontravam-se no nível médio, em 2009.
No Sudeste, a relação é de 60%, no Sul, de 57,4%, e no Centro-Oeste, 54,7%.
Comparado a outros países da América Latina, o Brasil continua sem motivos para comemorações, pela sua situação desfavorável.
As taxas de aprovação no Chile, Paraguai e Venezuela, em relação ao ensino fundamental e médio, superam os 90%.
Na Argentina, os índice são de 92,3% e 74,3%, respectivamente, e no Uruguai, de 92% e 72,7%.
O Brasil entra neste contexto com taxas de 85,8% e 77% respectivamente, as mais baixas da região.
Sem motivos, de fato, para festejos, a educação brasileira ainda mostra dados negativos em relação ao abandono, chegando a 10% no ensino médio, quando o Chile, Paraguai e Venezuela contam com taxas abaixo de 3%.
A defasagem e o abandono escolar, no entanto, são apenas alguns dos empecilhos para o avanço na educação brasileira.
Há pouco tempo, o Ministério da Educação (MEC) divulgou relatório revelando que o Brasil deixou de atingir as metas mais básicas a caminho da excelência acadêmica.
O documento mostra, por exemplo, que de 2006 a 2008, o percentual de estudantes que abandonaram a sala de aula passou de 10% para 11%, enquanto a meta era de redução da taxa para 9%.
O Brasil ainda precisa avançar muito no sentido de melhorar a educação de seus jovens.
A expansão econômica é evidente, mas estamos falando de quem irá cuidar deste País nos próximos anos.
Sem educação, não haverá continuidade e de nada servirá tanto investimento em empreendimentos e tanto estímulo para a ampliação da economia.
Sem educação, o Brasil esbarrará na falta de mão-de-obra qualificada.
Ou seja, o crescimento do País mostrará seus limites.
E em breve.