O Blog de Jamildo ouviu, nesta tarde, alguns políticos locais sobre a polêmica do protesto contra a imprensa em São Paulo, promovido por centrais sindicais e o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, ligado à CUT.
O deputado e candidato a reeleição de Fernando Ferro (PT) diz que a movimentação não é contra a imprensa, mas alguns veículos de comunicação, que, segundo ele, não trabalham com isenção. “É um protesto contra certas áreas da imprensa que se comportam de forma partidária assumindo um discurso cínico e se dizendo neutra. É contra esse tipo de imprensa que o protesto está agindo.
Seria melhor que fizessem como nos Estados Unidos, onde os veículos assumem suas posições”, analisou.
O deputado afirmou ainda que a Rede Globo estaria entre os veículos que tomam partido por candidatos e não assume. “Diversos setores da imprensa já estão enxergando isso claramente”, dispara, analisando que “em Pernambuco a cobertura é mais equilibrada”.
Por sua vez, o deputado federal Roberto Magalhães (DEM), defende que o protesto é uma ameaça a liberdade de imprensa. “Representantes de partidos de apoio ao governo apoiando um ato como esse estão agindo contra a democracia.
O fato é que eles estão incomodados com as denúncias de irregularidades feitas pelos jornais”, insinua, afirmando que reconhece a importância do trabalho investigativo dos jornalistas brasileiros. “Eles nos ajudam a fazer oposição por que estamos coibidos”.
Candidato à reeleição, o deputado federal Maurício Hands (PT), que não sabia do protesto organizado em SP, também opinou. “”Em países onde a democracia é mais consolidada, os órgãos de comunicação explicitam o apoio a candidatos.
O problema no Brasil é que os veículos como a Folha de São Paulo e a Veja fazem uma opção e não assumem”, disse ele.
Raul Jungmann (PPS), que está na disputa por uma vaga no Senado Federal, se mostrou indignado com o ato. “É um protesto financiado pelo governo contra a liberdade de expressão”, acusou.
O candidato declarou que a ação é um desrespeito à memória de jornalistas como Vladimir Herzog, morto durante a ditadura militar. “A imprensa vem mostrando os podres do governo e isso não é admito por aqueles que falam em democracia, mas agem como autocratas.
Quando Lula era oposição, jamais faria uma coisa dessas.
Para ele, imprensa boa é aquela que é a favor dele”, disparou.
No seu site, Ricardo Kotscho, ex-porta voz de Lula, morde a assopra, ao seu estilo. “Atos públicos são promovidos à margem das campanhas oficiais para denunciar, de um lado, ameaças do governo à liberdade de imprensa, ao Estado de Direito e à democracia, com discursos histéricos como se o país estivesse à beira de uma guerra civil; de outro, entidades do movimento social e os partidos aliados do governo se mobilizam para denunciar o “golpismo da imprensa” a serviço da candidatura de José Serra”. “Aonde isto vai parar, e qual a sua possível influência na campanha eleitoral que está chegando ao fim, não tenho a menor idéia.
Só sei que este clima de intolerância, como escrevi outro dia, não é bom para ninguém.
Nem gosto de escrever sobre este assunto.
A eleição passa, o país e suas instituições ficam.
Os eleitores voltam a ser apenas cidadãos, os jornalistas, jornalistas, e a vida segue”.
O jornalista e ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas do Estado de Pernambuco, Ayrton Maciel, diz que tem é favorável a livre manifestação, mas discorda dos argumentos expostos pelos prostestantes. “Seria uma absurdo se os meios de comunicação estivessem inventando os fatos e mentindo.
O que tem saido na imprensa são denúncias que atingem ao governo que, por sua vez, tem obrigação de explicá-las.
Os jornalistas têm o direito de informar, doa a quem doer.
Então não é para denunciar?
Liberdade é omitir e esconder?”, questiona Maciel.