Por Isaltino Nascimento Os resultados da Pesquisa Qualitativa: Escola Sem Homofobia, apresentados na segunda-feira (20), no Recife, mostram que ainda há um longo caminho a percorrer para minimizar o preconceito contra Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros (LGBT) no ambiente escolar.
Além do Recife, o levantamento coletou dados em escolas estaduais e municipais de Educação dos ensinos Fundamental e Médio da rede pública nas cidades Manaus, Porto Velho, Cuiabá, Goiânia, Natal, São Paulo, Belo Horizonte, Curitiba, Rio de Janeiro e Porto Alegre, com o objetivo de mapear a homofobia nas escolas brasileiras.
Feita pela Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), Pathfinder do Brasil, Reprolatina, Ecos, Gale e pelo Ministério da Educação, a pesquisa chegou a conclusões que dão indicativo de que é preciso envolver de forma mais significativa profissionais, pais de alunos e estudantes neste debate.
A pesquisa verificou que o conceito homofobia ainda é pouco conhecido entre professores e alunos.
E que em quase todo o Brasil falta uma política oficial mais eficiente dos governos municipal e estadual para tratar o tema nas escolas.
Além disso, foi constatado que falta material educativo apropriado nestes programas, pois o mesmo é muito escasso e orientado só à reprodução e prevenção de doenças sexualmente transmissíveis (DST).
E o número de professores capacitados pelos programas estadual e municipal ainda é pequeno.
Foi verificado que a educação sexual não é aceita por todos os professores e pelas famílias, o livro didático trata o tema de forma muito superficial e os alunos se insultam com palavras de teor homofóbico.
Percebeu-se também que há ocasiões em que os professores são coniventes com a homofobia, pois tomam postura de não reagir de qualquer forma a estudantes que praticam atos discriminatórios ou insultam homossexuais.
Outro fato constatado é que o Programa Brasil Sem Homofobia, do Governo Federal, é pouco conhecido por autoridades e praticamente desconhecido por professores (as) e estudantes em várias partes do país.
Os pesquisadores relataram ainda que impressão passada pelos entrevistados é de que a homofobia é culpa do comportamento dos homossexuais.
Em Pernambuco, a Secretaria de Educação do Estado trabalha, desde 2007, com a política de combate à homofobia, promovendo capacitações para professores da rede sobre o tema.
E passou a contar com a Assessoria Especial para a Diversidade Sexual, que planeja e executa ações neste sentido num trabalho tranversal com outras secretarias estaduais.
A ONG Leões do Norte, entre outras ações, desenvolve o Projeto Rosas, roda de diálogo que está debatendo com alunos de escolas estaduais de 10 municípios a prevenção sexual e tentando desmistificar a ideia de que doenças sexualmente transmissíveis são males de homossexuais.
A Gerência da Livre Orientação Sexual (Glos), da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Segurança Cidadã da Prefeitura do Recife, promove em parceria com outras secretarias, debates sistemáticos com professores e alunos.
O que representa preocupação em modificar o quadro apresentado pela pesquisa, que aponta que ainda há muito trabalho pela frente para que as se livram da homofobia.
PS: Isaltino Nascimento (www.isaltinopt.com.br/www.twitter.com/isaltinopt), deputado estadual pelo PT e líder do Governo na Assembleia Legislativa, escreve para o Blog todas às terças-feiras.